Filippo Cavalcanti no Brasil


De Filippo di Giovanni Cavalcanti, nascido em 1525, em Florença, descendem todos os ramos de Cavalcanti no Brasil.



Pressentíamos, por nossas variadas fontes orais familiares, que Filippo poderia ser descrito como homem renascentista de requinte, conhecedor de literatura e artes, testemunho de práticas econômicas, políticas e diplomáticas de longuíssima tradição.

Estudos atuais sobre as experiências vividas por esses Cavalcanti do nosso ramo, na Europa da virada do século XVI, confirmam agora, efetivamente, estes traços da personalidade de Filippo difundida por fontes orais da família no Brasil. Seus descendentes há muito recitam, com erudição e carinho, versos do tão famoso poeta do século XIV, Guido Cavalcanti, amigo de Dante, gerações cedo capazes de referir-se ao capitulo X da Divina Comédia, onde os Cavalcanti são citados.

A escritora pernambucana Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque, (1) parenta igualmente embebida nesta longa tradição familiar de letras, em romance histórico, editado em 1990, teceu com talento um retrato vivaz de Felipe. Este retrato cai, como mão em luva, na nova e mais vívida imagem que hoje dele tenho, imagem por mim recriada, não só a partir das fontes orais do meu próprio ramo familiar, mas também pelas novas infomações documentadas sobre seus pais e irmãos, recolhidas nesta última década por genealogistas brasileiros e historiadores de finanças e artes europeus. (2).

Neste nosso novo olhar, o jovem Filippo Cavalcanti nos surge de forma ainda mais nítida, como um fidalgo culto, versado em poesia e literatura, por certo um “expert” em artes, potencialmente um diplomata informal como seu pai e irmãos, mistura de comerciante e cortesão, freqüentador das melhores cortes européias da época, em cujas veias corria, além do mais, o sangue realista de políticos, banqueiros e financistas florentinos de longa experiência. No Brasil, Filippo foi capaz de adaptar-se à nova realidade e bem administrar engenhos de açúcar (3), surpreendendo a todos por sua cultura poética, seu conhecimento de latim, (4) seu espírito social e politicamente crítico, talvez até libertário, fruto de quase quinhentos anos de práticas políticas republicanas.

E esta sua herança cultural, certamente, se estenderá por outros tantos quinhentos anos e muitas gerações aqui no Brasil!

Não partilhamos a sugestão de Sérgio Buarque de Holanda, endossada por pesquisadores apressados no tema que vêm Filippo Cavalcanti como um comerciante vindo ao Novo Mundo, meramente, à procura de fortuna. (5)

Por nossos atuais estudos, em que a participação política antimedici da família Cavalcanti é aprofundada em Florença, (6) cremos bem plausível a hipótese do envolvimento de Filippo nos episódos políticos toscanos nos meados do século XVI.

Este envolvimento direto, ou mesmo indireto, na Conspiração Pucci & Cavalcanti de 1559, (7) não pode ser agora mais absolutamente descartado como causa da sua migração. No mínimo, sua saída da Europa seria motivada por uma sensibilidade política, muito acurada e prévia, do perigo representado pela generalizada repressão dos Médici sobre a família Cavalcanti, já na ocasião notabilizada e marcada por Cosimo I, especialmente no fim do ano de 1559, como líderes e conspiradores atuantes, partidários de ideais de República de variados matizes. (8)

A tradição oral dos vários ramos familiares de Cavalcanti no Brasil, registrada por cronistas de época, foi reafirmada mais uma vez em 2001 pelo ilustrado historiador Evaldo Cabral de Mello, quando afirma: ”Felipe abandonara Florença, primeiro por Portugal, depois pelo Brasil, devido a seu envolvimento na conjura de Pandolfo Pucci contra os Médici, versão que permanecerá na tradição de seus descendentes.” (9)


Sergio Buarque de Holanda, no artigo “Os projetos de colonização e comércio toscanos na Brasil ao tempo do Grão-duque Fernando I (1587-1609)” se equivoca ao citar a “Conspiração Pandolfo Pucci & Cavalcanti” como ocorrida em 1575, em vez de 1559, confundindo ambos os episódios conspirativos, o de 59 e o de 75, “Conspiração Orácio Pucci & Ridolfi”. Se este equívoco não for logo esclarecido poderá trazer sérios perigos para a historiografia brasileira, já que a vinda de Filippo di Giovanni Cavalcanti para o Brasil, a partir daí, passou a ser sugerida por motivos simplesmente econômicos, o comércio de açúcar. (10)

E a probabilidade do envolvimento político de Filippo, direto ou indireto, na conjura Pucci & Cavalcanti de 59, especialmente a partir de nossos novos estudos, não pode ser, absolutamente, obscurecida.

Especialmente se observarmos, como historiadores factuais atentos, o contexto político de Florença no séc.XVI, momento em que as perseguições dos Medici eram dirigidas preferencialmente às famílias florentinas de prestígio, modeladas pelo comportamento republicano numa vivência política de séculos. E o ramo familiar direto de Filippo, os Cavalleschi, nestes episódios contestadores antimedici, comprovadamente, se envolveu e foi penalizado.



Devemos lembrar que pouco tempo depois do nascimento de Filippo (1525), os bens de seu pai, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, foram arrestados em Florença (aproximadamente 1526-28), certamente por motivos políticos, já falecido seu protetor, o papa Medici Leão X, a quem servira como “cubiculari”. Giovanni se queixou deste arresto ao rei inglês Eduardo VIII, cuja simpática resposta está documentada. A partir de 1527, Giovanni di Lorenzo teria tomado suas primeira atitudes públicas pessoais contra os Medici prepotentes, em Florença. Segundo as pesquisas da historiadora Cinzia Sicca, no segundo período de plena Republica(1527/30), por suas atividades como comerciante de artes e mecenas, tentou ainda uma política de propaganda em auxílio à sua cidade ameaçada. Mas com a queda da cidade novamente nas mãos dos Médici, Giovanni di Lorenzo teve que voltar, por precaução, auto-exilado com sua família para a Inglaterra, país onde na juventude exercera o papel de diplomata informal junto à corte. (11)


Nos meados dos anos 50 a situação financeira da família de Filippo, não seria mais tão sólida, falecido o patriarca ainda exilado, em 42.

Observamos que seus irmãos, Guido e Schiatta, tentaram ainda continuar a atuar como comerciantes de artes e diplomatas informais na corte inglesa, a exemplo do pai.

Entretanto, Filippo não é mencionado na nova negociação da Bardi-Cavalcanti, da qual apenas Schiatta e Guido participaram e não sabemos onde ele teria permanecido depois da morte do chefe da família, bem como sua mãe, e provavelmente uma irmã (Ginevra?) e um outro irmão, talvez mais moço (Giovanni?). Há indícios de que a matriarca Ginevra Manelli, ou a outra filha, tivessem voltado à Florença, não sabemos em que época. (12) E as fontes orais citadas indicam que Filippo teria estado em Florença, antes de vir para o Brasil.

Dois ou três anos depois da partida de Filippo para o Brasil, seu irmão Guido, comprovadamente, deixará também a Inglaterra em missão diplomática da rainha Elizabeth I e estará atuando a serviço da corte francesa, sob as ordens da rainha Catarina de Médici, certamente envolvido como bom florentino e Cavalcanti, nas ações ainda conspiratórias desta rainha contra seus parentes Médici prepotentes de Florença. (13)


Catarina de Medici, simpatizante das causas republicanas florentinas, sempre estimulara as ações conspirativas dos fuoriusciti” da sua corte contra o seu parente Cosme I, o duque todo poderoso de Florença. Especialmente, apreciava os serviços do nosso parente da família ampla, Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti, do ramo Cavallereschi, republicano que atuara decidido com o pai de Filippo durante a 2ª República, combatente militar, mas também escritor e tenaz conspirador, exilado em sua corte. Bartolomeo, em suas ações de articulador, era auxiliado por sua filha Lucrecia Cavalcanti, tornada dama da corte e amiga da rainha, casada além do mais como o muito influente banqueiro florentino, Bernardo Albizzi Del Bene, intermediário financeiro da corte francesa com contestadores na península italiana. (14).

Desta corte, desde os anos 30, saíam as instruções conspirativas para Florença e mais tarde , nos anos 50, abertamente, para o enfrentamento armado na Toscana, em auxílio à cidade vizinha resistente, a republicana Siena. Neste episódio dramático de Siena, Bartolomeo Cavalcanti como dirigente da cidade, auxiliado por muitas outros “fouriusciti”, membros de famílias florentinas de prestígio, se opuseram todos belicamente aos Médici preponderantes.


Sem dúvidas, Cavalcanti de vários ramos comprometeram-se seriamente frente aos Medici, não só nos episódios bélicos do cerco de Siena (1554/1555), mas também nos conspirativos em Florença: a “Conpiração Pucci & Cavalcanti”, iniciada pelo menos desde 1555, mas descoberta em outubro de 1559, e ainda a “Conspiração Orácio Pucci & Ridolfi”, descoberta anos mais tarde, em 1575. (15)

Devemos lembrar que também tiveram seus bens arrestados pelos Medici de Florença, no sec. XVI, outros parentes colaterais de Filippo: o poderoso banqueiro do ramo Ciampolo, Tomasso di Francesco Cavalcanti e seus filhos, e o perigoso conspirador já citado, Bartolomeo Cavalcanti. (16)


O banqueiro Tomasso atuara, financeiramente, na Inglaterra com o pai de Filippo, talvez nesta corte também procurando proteção.

Mas seu filho Stolto, jovem da própria geração de Filippo, cortesão sofisticado e audacioso, pretendendo vingar o assassinato do seu irmão Francesco por amigos dos Medici, comprometeu-se definitivamente frente à Cosimo I como ativo participante da ”conspiração Pucci & Cavalcanti” e foi decapitado em janeiro de 1560, em Florença. (17)

Pandolfo Pucci, cortesão amigo de Cosimo, aliciado, foi enforcado.

Bartolomeo Cavalcanti, que teve seu jovem filho, Giovanni, feito refém por Cosimo I durante o cerco de Siena, havia sido o líder maior da conspiração, ligada à corte francesa e estava foragido. Bartolomeo pressentira que a conspiração por ele liderada já se alongava muito e chegou a pressionar Pandofo para que agisse logo.

A partir dessa ocasião, certamente os Cavalcanti, já anteviam o extremo perigo.


Cosimo I, em carta de dezembro de 1559 ao duque de Ferrara, responsabilizou mesmo, de forma direta, Bartolomeo Cavalcanti por ter articulado explodi-lo em seu trono. (18)


Ao fim do ano de 59, portanto, as responsabilidades estavam apuradas. Os comprometidos, foragidos, seriam mais adiante alcançados e assassinados por mercenários.

E aquele que soubesse dos fatos, mas não os denunciasse, era tido como comprometido indiretamente, punido com prisão perpétua.


Cosimo I, comprando os espanhóis a peso de ouro e agindo violentamente até mesmo contra seus próprios parentes Medici de simpatias republicanas ou “popolanas”, estruturara por fim seu tão desejado Ducado da Toscana. Contra a elite de Florença utilizara o bombardeamento de fortalezas, o arresto de bens, decapitações, degolas. Suspeitos e envolvidos em conflitos e conspirações, penalizados severamente por traição. Tornaram–se lendárias as suas muito longas e tenazes perseguições.


A prática do arresto de bens seria, poucos anos depois, criticada pela opinião popular, pois deixava já sem sustento inúmeras famílias florentinas que se exilavam cada vez mais longe...

De Florença saiam já ramos de Acciaioli e Salviati para as ilhas da Madeira... (19)


É natural que Filippo, ativo ou não, nos episódios bélicos e conspirativos da década de 50 na Toscana, no mínimo conhecedor dos percalços por que passava sua família ampla e prevendo comprometimento, ainda que indireto, nesta tão audaciosa conspiração liderada por seu parente Bartolomeo contra Cosmo I, pretendesse escapar a tempo...


Tendo passado por Portugal ainda em 1558, não sabemos vindo de onde (segundo informações vagas teria vindo da Espanha) na corte portuguesa pouco permaneceu.

Por documentação é confirmada a passagem de Filippo por esta corte, já com uns trinta e três anos, solicitando a Cosme I de Medici para que reafirmasse seus títulos de nobreza tendo em vista poder receber uma cruz, talvez uma comenda, do rei de Portugal. A resposta afirmativa de Cosme I é de agosto de 59, três meses antes, portanto, da descoberta da conspiração Pucci & Cavalcanti (outubro do mesmo ano). (20)


Segundo a tradição oral, Filippo Cavalcanti, não se sentindo seguro nem em Portugal, no ano mesmo de 1560 embarcava para o Brasil. (21)

A política da corte portuguesa de incentivo à migração de famílias qualificadas, deve ter incentivado Filippo a tomar a decisão de sua vinda, temporária ou definitiva, não sabemos. (22)

Talvez tivesse alguns novos planos econômicos por aqui, e o comércio do açúcar, que não fora a especialidade de sua família, talvez pudesse constar destes seus novos planos. (23)


Como interessante e sugestivo do caráter inovador de Filippo, teremos então seu casamento, um ou dois anos depois da sua chegada no Brasil, com uma flor exótica dos trópicos, miscigenação de corajoso sangue Tabajara com a tradição dos altivos conquistadores Albuquerque - a jovem Catarina de Albuquerque, filha de Jerônimo.


No momento mesmo deste casamento de Filippo com a jovem Catarina aqui no Brasil, na Europa da década de 60 começam a se delinear caminhos novos para o Cavalcanti que aí ficavam...

O único filho homem, sobrevivente do ramo Ciampolo, Giovanbattista Cavalcanti, após a tragédia que abalara sua família direta em Florença, - a morte de seus dois irmãos, um assassinado o outro decapitado na conspiração de 59, logo em seguida o falecimento do próprio pai Tomasso – irá homenagear a dolorida figura paterna em 1562, criando uma capela na igreja do Santo Espírito. Esta capela em Florença é hoje afamada pelos seus mármores preciosos e um busto do próprio Tomasso Cavalcanti, de autoria de Agnolo Montosorli, que ainda hoje lá se encontra.

Também a partir de 1563, Guido di Giovanni, irmão do nosso Filippo, do ramo Cavalleschi, estará chegando à corte francesa de Catarina de Medici, para colaborar ainda em sua política antimedici, substituindo o parente conspirador Bartolomeo di Mainardo Cavalcanti.

Bartolomeo, um Cavallereschi republicano precursor e decidido, também escritor de Filosofia e Ciência Política, falecera em dezembro de 62, ainda fugitivo e abrigado em Pádua.

Na corte francesa, nosso Guido Cavalcanti permanecerá protegido, sempre prestigiado pela rainha Catarina de Médici e chegará, anos mais tarde, a Conselheiro de Estado, reconhecido também como poeta, o segundo poeta Guido Cavalcanti da família. (24)



Sem dúvidas o casamento com Catarina de Albuquerque, no Brasil, trará para Filippo conveniências financeiras. Fixado à nova terra, terá responsabilidades que lhe trazem conforto, compensações de prole numerosa e, sobretudo, memória por gerações.

Pois somente uma herança cultural muito forte, transmitida através a personalidade marcante de Filippo no Brasil, pode explicar a persistência de traços tão nítidos nas gerações futuras da incipiente Colônia, "traços de Cavalcanti”: sensibilidade poética e artística, pendor para as letras, habilidade administrativa, percepção de seus interesses políticos, e inconformidade.

E desde já nos perguntamos: será esta inconformidade, os famosos traços de “cizânia” dos Cavalcanti à qual testemunho de época se refere (25), as características mais relevantes e decisivas para as relações de gerações futuras de Cavalcanti na Colônia com os invasores estrangeiros e, especialmente, com sua Metrópole portuguesa?


É certo que de agora em diante as gerações dos Cavalcanti florentinos serão mescladas, não só pela bravia estirpe Tabajara, de características tropicais douradas e olhos amendoados, mas também com a estirpe dos Albuquerque ”brancarrões”, como nos lembra o historiador Evaldo Cabral de Mello, de cultura lutadora e tão longeva quanto à de Filippo.

Estavam os Albuquerque acostumados às práticas de conquista e domínio, família organizada nos padrões portugueses para a conquista além mar, orgulhosa de sua nobreza e bravura testada nas lutas de Africa e India, mas prática também nas políticas de congraçamento, colonização, estabelecimento e comércio. Com os Albuquerque, Felipe muito terá ainda a aprender, especialmente sobre “os da terra” de pele morena e vivência livre, entre os quais o próprio Jerônimo de Albuquerque, seu futuro sogro, vivera vários anos apresado, tendo gerado no cativeiro prole numerosa e miscigenada com a jovem índia Muíra Ubi. (26)

Interessante notar que os habitantes dessa nova terra, de pele morena, olhos rasgados e cabelos tão lisos, que conviviam com fauna exótica e flora tão rica, haviam sido apresentados ao mundo europeu pela primeira vez, pouco tempo antes da chegada de Filippo, pelo igualmente florentino Américo Vespúcio, que por um tempo vivera na corte de um Medici, o “popolano” Pierfrancisco.


Na incipiente Olinda, sede do governo da capitania de Pernambuco, o nosso requintado, culto e nobre florentino, Felipe Cavalcanti, gozará da hospitalidade deste experimentado fidalgo português, Jerônimo de Albuquerque. Jerônimo, com profundas marcas no corpo, testemunhas destas lutas por conquistas, porém já experiente na política de congraçamentos e colonização, viera ao Brasil acompanhando sua irmã, D. Brides, casada com D. Duarte Coelho, o donatário, uma Albuquerque como ele, resoluta.

Esta convivência frutífera na nova colônia vai propiciar fato relevante para nossa Historia social e cultural: um segundo exemplo de política de congraçamento, prática comum e medieval aqui coordenada por esses experientes Albuquerque - o casamento do aristocrático e culto Filippo Cavalcanti com a jovem Catarina (1538-1614), mameluca de Tabajaras, filha de Jerônimo Albuquerque com a índia Muíra Ubi, já cristianizada e educada para a governança, dona do engenho Muribeca. O casamento de Filippo e Catarina vai gerar uma prole numerosa de onze filhos. (27) (28)

E, estes filhos de Felipe e Catarina serão capazes de unir suas melhores qualidades de Albuquerques, Tabajaras e Cavalcantis, visando à administração e à defesa da Colônia.


Mas a recorrente veia poética e literária, e o interesse pela participação política, entre muitas outras qualidades notáveis desta vasta descendência, serão características sem dúvidas devidas à personalidade de Filippo Cavalcanti, o patriarca florentino.



Notas



(1) Albuquerque, Maria Cristina Cavalcanti– “O Magnificat” Memórias Diacrônicas de dona Isabel Cavalcanti - Tempo Brasileiro, Fundação Gilberto Freire, RJ, 1990.

Maria Cristina é tida, pela crítica literária, como autora de romance histórico meritório. A autora afirma se basear no recolhimento de muito variadas fontes históricas, o que lhe permite uma recriação da personalidade de Filippo multifacetada e vivaz, romance que recomendamos com satisfação.

(2) A possibilidade de realização deste nosso atual trabalho, sobre a migração de Filippo Cavalcanti, só foi possível pelo desenvolvimento das pesquisas recentes de estudiosos brasileiros de genealogia dos Cavalcanti, na Itália e no Brasil, Francisco Antonio Doria e Marcello Bezerra Cavalcanti, sobre os Cavalcanti na Itália o genealogista Sylvio Umberto Cavalcanti, bem como à pesquisadora de artes inglesa Cinzia Sicca, centrada em estudos de arte sobre o pai de Filippo, Giovanni di Lorenzo Cavalcanti.

Sobre seu irmão, Guido Cavalcanti, citamos a historiadora de finanças Julia de Lacy Mann, autora de Textile history and economic history, Manchester University Press, 1973.

Todos estes autores, e seus trabalhos, são devidamente citados em nossos vários artigos. Ver a relação citada na nota 11.

(3) O comerciante Filippo Sassetti, em carta de Portugal para Florença ainda no séc. XVI, dirá que Filippo Cavalcanti, na Colônia, se tornara homem de vastíssimos cabedais, de grande autoridade, quase sobranceiro a todos, até ao próprio governador, desfrutando de grande estado, com muitos pajens e cavalos, gastando em sua casa mais de 5.000 escudos, pois seus negócios são engenhos de açúcar. Carta citada por Mello Evaldo Cabral de – artigo “O mito de Veneza no Brasil” – publicado no jornal “Folha de São Paulo” - 1 de julho 2001, documento de posse de Pedro Correia do Lago.

Encontramos também referências a um documento, em que um neto de Filippo, Emanuel Cavalcanti, frade da Ordem dos franciscanos menores, vivendo em Portugal tenta obter de Ferdinando I uma certidão de sua nobreza em Florença, já em1626, e descreve a vida de seu avô, na Colônia. Transcrevemos : «... s´etant mariée avec une famme de famille noble , et par sa extraction des plus considerables de la colonie , il en avait eu plusiers enfants , entre autres Antonio Cavalcanti, son pére, encore vivant, ajoutant que Fhilippe acquit de biens au Brésil, demeura avec tous les siens au service de sa Magesté Catholique , et vint plusieurs fois à Lisbonne où il déploya un grand faste, et où il maria ses filles aux pricipaux seigneurs du pays. ... Raquête du 31dezembro de 1626, tiré du 9e volume p.57, affairs e rapports classe 1, Distincione 35, Archives de Riformagioni à Florence. » Esta documentação é citada em Memoires de la societé Imperiale, Douai, V. Wartelle, 1863, pg. 229.

Confirmamos Antonio Cavalcanti ter tido um segundo filho, Manuel, frei capuxinho, em Bittencourt, Adalzira – Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal, 1965, pg. 292.

(4) Referem-se à Filippo como conhecedor de latim: Lipiner, Elias - Os judaizantes nas Capitanias de Cima, Brasiliense, 1969, pg. 47, sua fonte primária Denunciações da Bahia, 1591-1593, publicada em São Paulo, 1925, série Eduardo Prado, pág.76, 77, fato também referido por Albuquerque, Maria Cristina Cavalcanti – opus cit., pg. 32, possivelmente da mesma fonte.

(5) Holanda - Sergio Buarque de - artigo “Os projetos de colonização e comércio toscanos na Brasil ao tempo do Grão-duque Fernando I (1587-1609)” – Revista de História n. 71, 1967, pg. 104. Citamos B. de H. textualmente: “O interesse pelos negócios do açúcar, onde sua família se viu ocasionalmente envolvida, menos, porém do que os Affaitadi ou os Geraldi , pode sugerir uma explicação para a vinda a estas partes de Felipe Cavalcanti , patriarca do ramo que se estabelece no Brasil...A verdade é que a celebre conjura de Pandolfo Pucci e de outros , pertencentes à gente mais nobre de Florença, que tentarão fugir, inutilmente, aliás , porque acabam caçados e presos fora da Itália, não acontece em 1558, mas em 1576, quando já Felipe deverá estar fixado de longa data no Brasil”. Os grifos são nossos.

Sobre a colocação de Sergio Buarque, consultar discussão em Torres, Rosa Sampaio - artigo “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos, Filippo, Schiatta e Guido”, em http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ Neste artigo, os interesses econômicos e as atividades políticas do nosso ramo direto da família Cavalcanti, em Florença, são esmiuçados e não confirmam a sugestão de Buarque de Holanda. Ver também nota 22.

(6) Detalhes da ascendência direta de Filippo e a situação política de seus parentes Cavalcanti, na Europa do séc.XVI, consultar nossos vários artigos já publicados em edição eletrônica, especialmente Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...”

(7) Dois autores se referem à conspiração de 1559 como “Conspiração Pucci & Cavalcanti”: Trevisane, Cesare – La conjura di Pandolfo Pucci Florenze, Tip. De Monnier, 1852, em pdf e Dufresnoy, Nicolas Lenglet-L´Histoire Justifiée Contre les Romans - J.F Bernard, Amsterdã, 1735, pag.100, em pdf. Preferimos manter, realmente, esta denominação já que vários Cavalcanti, de diferentes ramos, estiveram envolvidos nesta conspiração, pelo menos dois deles ativamente, Stolto e Bartolomeo. Este último o líder mesmo do episódio, na península italiana.

Bartolomeo Cavalcanti, uma das personalidades centrais da luta antimedici na Europa, atuante precursor do moderno republicanismo, deve ser especialmente lembrado pela família, sua ação remarcada. Sobre Bartolomeo Cavalcanti ver, especialmente, biografia resumida em Torres, Rosa Sampaio “Conjuração Ce & Cavalcanti”, nota 12, http://rosasampaiotorresblogspot.com/ .

(8) Sobre matizes republicanas na Europa do séc. XVI, consultar Mello, Evaldo Cabral de - artigo citado, repetido no seu livro Um imenso Portugal, Ed. 34, 2002, pg.156 cap. “O Mito de Veneza”, onde afirma que nosso parente Stolto e mesmo Filippo Cavalcanti estariam defendendo uma república de “otimatti”, à maneira veneziana.

Estas discussões políticas sobre regras republicanas haviam feito sucesso, nos anos 1520, nos jardins dos Rucellai, mas me pergunto se depois da experiência republicana em Florença de 1527/30, especialmente dos embates contra os Medici no fim década de 50 e com a queda da Republica Popular de Montalcino, essas varias colorações republicanas teriam ainda sentido na Toscana do fim do século, nossos parentes Stolto e Filippo poderem ser classificados desta maneira, desejosos de uma republica de “otimattis”. A luta antimedici era o objetivo maior e comum na ocasião, fim do século XVI, necessitando agregar as várias facções republicanas, das mais liberais às mais radicais ou mesmo teológicas. Creio que, a partir desses episódios Toscanos da década de 50, surge uma idéia nova de República na Europa, que terá continuidade na França e nos Estados Unidos, no séc. XVIII.

Para a discussão republicana na Toscana, no período dos Médici séc.XVI, consultar o trabalho recente e relevante de Simoncelli, Paolo - Fuoriuscitismo Republicano 1530-54, FrancoAngeli, 2006, onde o republicanismo de Bartolomeo Cavalcanti e Nicolò Capponi, avançado mais não radical, é sugerido. Sobre o tema, livro mais aprofundado é ainda prometido pelo autor.

(9) A firme confirmação do envolvimento político de Filippo contra os Medici, em Florença, pelo respeitado historiador Evaldo Cabral de Mello, valorizando a tradição oral da família foi, inicialmente, manifestada no artigo “O mito de Veneza no Brasil” – publicado no jornal “Folha de São Paulo”, 1 de julho 2001, posteriormente repetido e editado em seu livro, Um imenso Portugal, Ed. 34, 2002, pg.156, cap. “O Mito de Veneza”.

A mesma informação oral é atualmente referendada ainda, pelo menos, por dois outros ramos familiares dos Cavalcanti no Brasil: o dos Cavalcanti de Gusmão e Cavalcanti Bittencourt:

Cavalcanti de Gusmão, Oziel – “Notas sobre os Albuquerques e Cavalcantis”, sob a orientação de Emília Cavalcanti Albuquerque de Gusmão (1880 -1971), livreto, 1997, de posse da autora afirma textualmente: “Felipe Cavalcanti fugiu para Portugal em 1558 por ter tomado parte, em Florença, em conspiração contra o duque Cosme de Medici. Não se dando bem seguro em Portugal, rumou para Pernambuco...”.

Bittencourt, Adalzira – Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal, 1965, p.52, repete a mesma versão tradicional de participação da Felipe Cavalcanti na Conjuração de Pandolfo Pucci, transcrevendo artigo de Paulo Eleutério Cavalcanti de Albuquerque, publicado na Revista de Estudos Genealógicos n. 5 e 6, 1939, São Paulo. Transcrevemos o texto de Eleutério: “Apesar de Felipe ter deixado a terra fugido, por haver conspirado contra seu rei, já em Portugal pede e consegue uma certidão de sua nobreza, sendo a mesma assinada pelo próprio rei Cosme I, datada de 23 de agosto de 1559...”.

Em Micellanea di storia Italiana, vol. 40, pg. 402, verbete Cavalcanti, encontramos a mesma noticia referida aos nobiliaristas portugueses, talvez apenas parcialmente correta. : “Contano i nobliaristi portuguesi qui un Antonio Cavalcanti compromesso verso Cosimo di Medici si rifugiò verso il 1558 com suo figliollo Filippo in Portogallo. Di Filippo consta Che pocco dopo si tramutò a Pernambuco...”

(10) Ver nota 5.

(11) Conclusões de Torres, Rosa Sampaio – artigo “Giovanni di Lorenzo e seus filhos: Filippo, Schiatta e Guido.”, http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ utilizando inúmeras fontes bibliográficas brasileiras e européias entre elas, as mais relevantes:

Doria, Francisco Antonio – “Tabela Genealógica dos Cavalcanti em Florença”, gentilmente disponibilizada pelo autor.

Sicca, Cinzia M. – artigo “Pawns of international finance and politics: Florentine scultors at the court of Henry VIII”, Renaissance Studies, vol. 20, no. 1, 2006, citando suas fontes primárias .

Sicca, Cinzia M – artigo “ Consuption and trade of art between italy and England in the first half of the sixteenth century: The London house of the Bardi and Cavalcanti Company” in Renaissance Studies, vol. 16, artigo n.2, 2002.

Mann, Julia de Lacy - Textile history and economic history, Manchester University Press, 1973.

Cavalcanti, Sylvio Umberto - Se chiamavano Cavalcanti, formato PDF, Ed.eletrônica on-line.

Cavalcanti, Sylvio Umberto - TavolaCavalcantiFirenze, também em PDF, on line.

Cavalcanti, Marcelo Bezerra - blog "Famiglia Cavalcanti”, disponibilizando em português resumos parciais de artigos de Cinzia Sicca e muitas outras documentações sobre os Cavalcanti em Florença e no Brasil.

(12) Bartlett, K. - artigo “Papal Polici and the English Crow 1563-1565”, Sixteen Century Jornal XXIII, Vol. 23, n. 4, 1992, pg.643-659, refere-se a uma carta de Guido enviada de Londres, em 1563, para uma Ginevra [sua mãe ou irmã?] em Florença, relatando seu conhecimento das negociações entre a cúria e a Inglaterra para melhorar as relações religiosas entre os dois estados.

Sobre a mãe e irmãos de Filippo consultar especialmente Torres, Rosa Sampaio – artigo citado "Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...”

(13) Sobre Guido Cavalcanti consultar Torres, Rosa Sampaio - artigo “Medici X Cavalcanti” pg.14 e 18, http://rosasampaiotorres.blogspot.com/ artigo baseado em pesquisa em inúmeras fontes européias, devidamente citadas e indicadas e também Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...” pg.4.

(14) Conclusões de Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Medici X Cavalcanti, com fontes, especialmente pg.10.

(15) Conclusões de Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Medici X Cavalcanti”, com fontes.

(16) Conclusão de Torres, Rosa Sampaio – artigos citados ”Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...” e “ Medici X Cavalcanti”.

Sobre a possibilidade de algum ressarcimento deste arresto di Giovanni di Lorenzo Cavalcanti, ver discussão Torres, Rosa Sampaio – artigo citado ”Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...”

Adiantamos que os bens do banqueiro Tomasso e Stolto Cavalcanti, arrestados, voltaram para o outro filho e irmão sobrevivente, Giovanbattista Cavalcanti, pois Cosimo teria concluído que a família, em verdade, não sabia da conspiração.

Mas a Giovanni di Bartolomeo Cavalcanti, filho de Bartolomeo, ao que tudo indica, Cosimo I não irá permitir o recebimento da herança de sua avó Ginebra também uma Cavalcanti, filha do muito rico Nicolo di Giovanni di Amerigo Cavalcanti.

(17) Conclusões de Torres, Rosa Sampaio – artigo “Conspiração Pucci & Cavalcanti” pg. 9 em http://rosasampaiotorres.blogspot.com/, trabalho de pesquisa e síntese original a partir de várias, mas sempre limitadas, informações da tradicional historiografia européia, todas rigorosamente citadas.

(18) Carta de Cosimo I ao duque de Ferrara, enviada de Livorno, 14 de dezembro de 1559, in Diciotto Lettere inédite di Bartolomeo Cavalcanti, prefácio Giuseppe Campori, Modena, Carlo Vicenzi, 1868, citada pg. 9, e transcrita pg. 31- 34, relatando a conspiração do qual ele fora vítima nestes últimos meses, e a atuação decisiva de Bartolomeo Cavalcanti no episódio. Consultar também Lettere di Bartolomeo Cavalcanti, tratte dagli originali, prefacio Amadio Ronchini, Presso Gaetano Romagnole, Bolonha, 1869. Lettere di Bartolomeo Cavalcanti: tratte dagli originali – prefácio Amadio Ronchini, Arquivo Governativo di Parma, Biblio Bazaar, 2010. Transcrição e comentários ver Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Conjuração Pucci &Cavalcanti”.

(19) Sobre a saída de Salviatis e Aciaiuolis ver Torres, Rosa Sampaio - artigo citado “Medici X Cavalcanti”.

(20) A passagem de Felipe por Portugal é documentada pela carta de nobreza atestada por Cosme I de Medici, arquivada no Arquivo do Estado de Florença, com um adendo relacionado à cruz que Filippo pretendia receber do rei português, carta já disponibilizada pelo genealogista Francisco Antonio Doria on line.

(21) A data exata do embarque de Filippo para o Brasil, no ano 60, não é conhecida, mas a tradição oral registrada por cronistas e a nobiliarquia portuguesa a relaciona à repressão Médici e à conspiração Pucci. Sobre esta conspiração descoberta em outubro de 1559, confirmamos, pelo menos, a participação ativa de Stolto Cavalcanti, decapitado em janeiro de 1560, e a liderança de Bartolomeo Cavalcanti. Sobre o assunto, discutido exaustivamente acima, ver nota 9.

(22) Sobre a política de colonização portuguesa consultar Pinto, Luiz Fernando da Silva – Sagres, A Revolução Estratégica – RJ, FGV, 2001, referida também em Torres, Rosa Sampaio - livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque”, Parte I, 2º capitulo, a ser proximamente editado.

(23) São sugeridos contatos de Filippo Cavalcanti, quando em Lisboa, com os banqueiros Alffaitati de Cremona, situados nesta cidade e ligados ao comércio de açúcar na ilha da Madeira, que seriam então o possível motivo de sua vinda para o Brasil. Estas sugestões são repetidas por vários historiadores brasileiros, com pesquisas centradas em analises econômicas, especialmente Afrânio Peixoto (História do Brasil, Cia. Ed. Nacional, 1944, pdf) e Sergio Buarque de Holanda, artigo citado. Mas realmente não há documento, até agora, comprovando este relacionamento, na verdade também uma hipótese de trabalho que a meu ver não se sustenta como causa única da migração de Felipe Cavalcanti.

Tomasso di Francesco Cavalcanti, parente de Filippo foi em verdade associado com Giovanni Giraldi, mas morre em 1560, depois da descoberta da conspiração Pucci & Cavalcanti. E, segundo o próprio Buarque de Holanda, pág. 103, citando o historiador Denucé, Jean - Inventaire des Affaitadi 1568, Antuérpia, 1934, Lucas Giraldi é que teria associação com Giovanni Francesco Affaitadi no comércio do açúcar desde 1527, na Ilha da Madeira. Os descendentes de Lucas, associados aos Alffaitadi, é que serão muito beneficiados com o comércio das Índias e do Brasil.

(24) Sobre a importante atuação política de Guido Cavalcanti na corte francesa, chegando a ser membro do Conselho de Estado, potencialmente envolvido na política de Catarina de Medici contra seus parentes prepotentes em Florença, poeta reconhecido na corte Torres, Rosa Sampaio – artigo citado “Giovanni di Lorenzo Cavalcanti e seus filhos...” e também o artigo citado “Médici X Cavalcanti”.

(25) Sobre a “cizânia” dos Cavalcanti, Mello, Evaldo Cabral de - artigo de jornal citado, repetindo documento da época da Guerra dos Mascates que o autor afirma na posse de Pedro Correia do Lago. Sobre o assunto, em que Acciaoli e Manelli são, também, referidos ver mais Torres, Rosa Sampaio - livreto “Família Cavalcanti de Albuquerque”, no prelo.

(26) Sobre Jerônimo de Albuquerque e sua família mameluca aqui plantada Torres, Rosa Sampaio - livreto citado. Em geral, toda a obra de Evaldo Cabral de Mello.

(27) Sobre políticas de congraçamento e casamento no Brasil Colonial consultar os vários livros de Evaldo Cabral de Mello, autor, sobre o assunto, já citado em Torres, Rosa Sampaio - livreto referido “Família Cavalcanti de Albuquerque”.

(28) Sobre os tramites deste casamento, certamente característico da época, há no romance de Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque (opus cit., pg. 29) cena interessante e sugestiva de uma discussão entre Jerônimo e D. Brites: Jerônimo reclama do possível genro cortesão, vaidoso dos seus ancestrais poetas, porém sem prática de lutas e D. Brites, cautelosa ante os brios do irmão, defende as necessidades de ‘luzimentos”, “urbanidades” e artes naquelas paragens longínquas, onde sentia a falta de consolo da palavra poética. Mas para melhor apreciação do episódio, de conseqüências importantes para nossa formação histórica e cultural, remetemos ao próprio texto saboroso de Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque.