O ramo Cavalcanti de Albuquerque do engenho “Castanha Grande"

             O ramo Cavalcanti de Albuquerque do engenho “Castanha Grande"
                   


Introdução      

O ramo dos Cavalcanti de Albuquerque estabelecido no engenho “Castanha Grande” em Alagoas durante o século XVIII é um ramo central, profícuo e politicamente muito conseqüente desta família. E, por ter se mantido de forma sempre discreta, com viés republicano, é hoje merecedor de grande curiosidade historiográfica. 
   O ramo ainda mantém sua antiga e modesta sede, bem como a propriedade do desativado engenho "Castanha Grande", como núcleo familiar. 
  
     Sobretudo, este ramo ainda reproduz as marcantes características dos descendentes do florentino Filippo di Giovanni Cavalcanti, fidalgo republicano refugiado em Pernambuco no século XVI, aqui casado com a “mameluca” Catarina de Albuquerque – ela filha da índia tabajara Muíra com o celebre colonizador português Jerônimo de Albuquerque.
      Assim etnicamente mesclado, o ramo do “Castanha Grande” até hoje demonstra um pendor acentuado para atividades políticas e literárias, portador de espírito não conformista, “dado a solturas” - espírito que compatibiliza, entretanto, com especial capacidade administrativa. Por vezes, o ramo apresenta ainda traços físicos característicos de sua ascendência indígena.
   
   O caráter “sdegnoso”, o gosto pelas Letras, Ciências Jurídicas e pela atividade política são, certamente, pendores provenientes dos antigos Cavalcanti florentinos - daquele celebre ancestral ainda cultuado, político e poeta do sec. XIII - Guido Cavalcanti. 
   A capacidade administrativa, mantida pelo ramo, proveniente tanto da longa experiência de governo dos Cavalcanti em Florença quanto da muito longa experiência de governo dos enérgicos e pertinazes Albuquerque, aqui tão bem representados pelo ancestral Jerônimo. 
   Notado que o gosto pela participação política dos Cavalcanti de Albuquerque foi especialmente mantido pelo ramo do “Castanha Grande” ainda durante os séculos XVIII e XIX, em decisiva participação independentista e republicana com repercussão nacional, participação já ressaltada por nossos modernos historiadores.  
   A vocação e gosto pela participação política, que o ramo ainda hoje demonstra, certamente proveniente do encontro de tão variadas e enérgicas etnias (1) (2). 
    
    Em nossa pesquisa constatamos que o “ramo da Castanha” é descendente do florentino e da mestiça de Tabajaras por uma seqüência familiar central, fidalga até o século XVIII, varonil e legítima - o filho Antonio Cavalcanti de Albuquerque (c.1563- 1640), o neto Felipe Cavalcanti de Albuquerque (c.1596-1657), o bisneto Jerônimo (v.1692), o trineto Manuel Cavalcanti de Albuquerque (v.1710), o quarto neto José Cavalcanti de Albuquerque – este por fim estabelecido nos meados do século XVIII em Alagoas.
   Este quarto neto do florentino, José, vindo da vila de Goiana, fronteira com Pernambuco, estabelecera-se definitivamente em Alagoas, no engenho “Santa Rosa do Flamenguinho”, proximidades dos rios Camaragipe e S. Antonio Grande – onde seu próprio filho, de nome também Manoel como o avô, adquiriu depois o engenho “Castanha Grande”.  
     Neste engenho, manteve o ramo ainda descendência varonil políticamente muito atuante nos séculos XIX e XX, até hoje plenamente consciente de suas origens e tradições. 




Informações históricas e genealógicas
          sobre os patriarcas Cavalcanti de Albuquerque do ramo do “Castanha Grande”   
      

     Os descendentes do ramo do “Castanha Grande” tinham conhecimento que este seu ascendente José havia nascido em Goiana, região originária dos engenhos de açúcar - região muito fértil, frutífera e piscosa, com elite há muito produtiva. 
       Mas o elo genealógico entre este José e os patriarcas da família Cavalcanti de Albuquerque havia se perdido pela destruição de documentos na cidade de Goiana - registros e certidões não mais passíveis de consulta -  destruição que fez parte da própria história da região.
     Mesmo assim, com algumas informações reunidas e registradas por membro mais bem informado e idoso do ramo, saímos em busca de mais detalhes sobre os ancestrais conhecidos pelo ramo do "Castanha Grande" para melhor nortear nossa pesquisa e poder localizar o elo faltante (3).
   
  Ao tentar reconstruir a importante trajetória do ramo central e varonil dos Cavalcanti de Albuquerque na formação brasileira, analisávamos detalhadamente suas condutas pessoais e familiares para poder localizar e identificar o elo genealógico faltante da linhagem, condutas com cuidado observadas, geração a geração: 
    
   Tínhamos notícia que Antonio Cavalcanti de Albuquerque (c.1564- 1640?), primeiro filho sobrevivente varão do florentino Filippo Cavalcanti e da mameluca Catarina de Albuquerque, havia sido habilitado fidalgo Cavaleiro da Casa Real a pedido de sua mãe e, já em 1602, habitara um engenho em Goiana reconstruído e denominado “Goiana Grande” (4). Engenho depois gerido por seu filho Jerônimo, o primogênito de seu casamento com a muito loura Isabel de Goes - a filha de um fidalgo da elite germânico-flamenga, Arnau de Holanda, chegado a Pernambuco com o donatário Duarte Coelho. 

   Mas a numerosa prole de Antonio Cavalcanti de Albuquerque, mais uma vez miscigenada e estabelecida nesta paradisíaca região de Goiana, logo terá de enfrentar a invasão holandesa por seus compromissos familiares com os Albuquerque Coelho, donos da capitania de Pernambuco. Antonio e dois de seus irmãos logo envolvidos nesta luta em defesa da capitania (5). 
   Em 1635, não aceitando serem coniventes com a ocupação do inimigo que se aproximava, a família Cavalcanti de Albuquerque é obrigada a se separar, e pelo menos dois filhos de Antonio levados a se retirar de Goiana deixando para traz seus engenhos - levando bens e agregados em muito dura jornada.
   Vendido o engenho “Goiana Grande”, o filho primogênito de Antonio, Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, fidalgo Cavaleiro da Ordem de Cristo, foi obrigado a abandonar ao inimigo três de seus engenhos na região de Goiana: o “Mussumbu”, “Bujari” e “Capiberibe’, os dois últimos já   incendiados por tropas holandesas. O engenho da tia Margarida, o “Santos Cosme e Damião” também abandonado. 
    Jerônimo, acompanhado por seu irmão Felipe e o primo Lourenço - este deixando também para trás seu engenho “Ipitanga” - seguido por outros parentes, agregados e conduzindo pertences, retira-se rumo à Alagoas e depois à Bahia, combatendo e acompanhando as forças militares comandadas pelo parente colateral Matias de Albuquerque, forças que vencidas deveriam recuar. A idosa tia Felipa, mãe de Lourenço, os acompanhara (6).
    Mas o seu idoso pai, Antonio, e a irmã Isabel Cavalcanti e seus filhos deveriam permanecer no Pernambuco ocupado.


     O respeitado historiador Evaldo Cabral de Mello, em seu livro “Rubro Veio”, comenta a atuação elogiosa dos Cavalcanti de Albuquerque, neste episódio marcante da nossa história:

    “... com a rendição do Arraial [do Bom Jesus] e do Cabo [de Santo Agostinho] (1635) foi a vez dos proprietários pernambucanos porem-se em marcha sob a proteção das tropas de Matias de Albuquerque em rota para Alagoas e, perdida esta, para a Bahia... 
  ... o fato de oito engenhos em nove serem aí [em Goiana] abandonados explica-se pela presença absorvente da família Cavalcanti de Albuquerque, dona da metade deles, e pela atitude dos seus chefes, os primos Lourenço e Jerônimo Cavalcanti que se negaram intransigentemente a qualquer composição com os holandeses, liderando mesmo a “linha dura” da resistência” (7).      
       
   O historiador João Ribeiro também descreve com detalhes a epopéia da retirada das forças de Matias: 

   “... uma grande turba de velhos e moços, mulheres e crianças, comovidos pela notícia do êxodo, seguiram o chefe derrotado arrostando as privações e os perigos da longa marcha por terra agora suspeita; iam nesse séqüito muitas famílias ricas com seus escravos, gado e animais domésticos, após uma vanguarda de índios que iam clareando os caminhos. Seguiram para o sul através de florestas, com as contínuas surpresas da fome, da sede, e da guerra...” (8).
     
    Este Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, filho de Antonio, que em luta contra os invasores havia acompanhado em luta a épica retirada de Pernambuco para a Bahia, assumirá ainda, pouco depois, a responsabilidade administrativa colonial característica dos Albuquerque com a Coroa e foi nomeado Governador de Cabo Verde (1639-40), na África. Segundo antigos genealogistas, Jerônimo aqui não teria deixado descendência (9). 
    
     Neste caso, coube ao seu irmão Felipe Cavalcanti de Albuquerque (c.1596-1657, + Ipojuca, PE), Cavaleiro da Casa Real em 1638, que sugerimos havia participado igualmente desta luta contra os holandeses em recuo para a Bahia, dar seqüência genealógica ao ramo central, fidalgo, varonil e legítimo dos Cavalcanti de Albuquerque em Pernambuco no século XVII, como patriarca desta linha. 
     Felipe casara já na Bahia com Maria de Lacerda, filha de D. Isabel de Moura. Esta venerável senhora, dona do engenho “Boa Vista” que também recuara, era na ocasião já viúva de Antonio Ribeiro de Lacerda, herói português falecido no assalto do convento de Santo Antonio frente aos holandeses. Felipe com este ilustre casamento dará seqüência ao ramo familiar central dos Cavalcanti de Albuquerque e teria voltado à Ipojuca (PE), ao fim da guerra, com cinco filhos ainda pequenos (10).  
     
    Note-se que durante a ocupação holandesa em Pernambuco, um sobrinho de Felipe, Antonio “o da Guerra” - o filho da irmã Isabel, que permanecera com o pai idoso na região ocupada - havia tido um papel especialmente relevante em nossa História ao liderar o novo impulso na luta para a expulsão dos holandeses a partir do interior mesmo da capitania, chegando a ter sua cabeça posta à prêmio pelo invasor. O jovem Antonio “da Guerra” havia, alem do mais, pretendido fazer predominar a sua própria liderança na luta Restauradora frente ao reinol João Fernandes Vieira (1645), num dos primeiros posicionamentos nitidamente nativistas do período colonial (11).
     
    Portanto, já com parentela também contestadora aos portugueses na família ampla, observamos que trinta anos após o fim da guerra holandesa, em 1687, uma das filhas deste nosso Felipe, a jovem senhora Isabel de Moura, casada também na lutadora e fidalga família dos Marinho Falcão, manifesta a característica “sdegnosa” no ramo central dos Cavalcanti de Albuquerque ao desejar intensamente reaver o histórico engenho “Boa Vista” de sua avó - tradicional engenho que fora também abandonado ao invasor por ocasião do histórico êxodo de 35, engenho agora muito endividado. Por sua relutância em entregar o já histórico engenho “Boa Vista”, leiloado após tantas lutas de sua família a um comerciante português, Isabel de Moura Cavalcanti torna-se o pivô de um precoce conflito entre a “nobreza da terra”, “mascates” e a Metrópole portuguesa.  Por causa do conflito, seu marido acabara morrendo na prisão, tendo ela mesmo que fugir para o interior (12).

   Nesta geração caberá, entretanto, ao segundo filho varão do casal acima referido, Felipe e Maria Lacerda, a Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque (em algumas listagens Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque e Lacerda, acrescentado o nome do herói português, seu avô) - bisneto do florentino e também fidalgo Cavaleiro da Casa Real, capitão-mor de Itamaracá em 1660 - dar herdeiros à linhagem central da família nos fins do século XVII, casado com Catarina Vasconcelos Valcacer (13). 
    Tenta este capitão-mor Jerônimo, à duras penas, levar adiante as responsabilidades de fidelidade da família com a Coroa em um período histórico novamente muito conflituado, agora já por contestações abertas contra a própria metrópole - contestações exercidas com vigor por seus próprios parentes “mazombos”, não só por seu idoso tio Jorge Cavalcanti, irmão mais moço de seu pai francamente inconformado com as autoridades portuguesas, mas também pelo clã dos jovens Bezerra Cavalcanti descendente de Antonio “da Guerra” - ramo colateral da família que, por sua freqüente insubordinação era mesmo desprestigiado pela Coroa. Em um conflito na capitania de Itamaracá, em 1692, Jerônimo chegará a ser mantido preso pelo próprio insubordinado e idoso tio Jorge, e pelo parente colateral Cosme Bezerra Cavalcanti, liderando populares. Seu tio Jorge, por uma posterior insubordinação pessoal acaba mesmo morrendo na prisão esperando o julgamento português (14). 

   Poucos anos depois, a própria filha de Jerônimo, Ana, casada igualmente na família insubmissa dos Falcão d´Eça, estará também já envolvida nos conflitos violentos da “nobreza da terra” contra mascates e autoridades portuguesas, na chamada “Guerra dos Mascates”.  Por volta de 1712 há indicações de que seu marido tenha sido preso nas masmorras da fortaleza de Cinco Pontas por dois anos. E seu cunhado, Leão Falcão d´Eça, com o parente colateral Leonardo Bezerra Cavalcanti – este considerado hoje um precursor de ideais republicanos no Brasil - haviam mesmo se tornado os lideres do movimento de sedição à Coroa, por fim degredados pelas autoridades portuguesas para as Índias. Na ocasião vários parentes Bezerra Cavalcanti também enviados sob ferros para Lisboa, martirizados como punição (15). 
   
     Neste momento de nossa História novamente tão conturbado pela “Guerra dos Mascates”, por outro lado adiantada nossa longa e aprofundada pesquisa, conseguimos identificar na listagem segura da genealogista Adalzira Bittencourt o elo genealógico do ramo do “Castanha Grande” que nos faltava: do quarto filho, único filho varão de Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque e Lacerda, capitão-mor de Itamaracá - de Manuel Cavalcanti de Albuquerque ou Manoel Cavalcanti de Albuquerque e Lacerda, também fidalgo Cavaleiro da Ordem de Cristo, alcaide-mor da vila de Goiana, casado com Sebastiana Carvalho (de família que também atuou na guerra holandesa e nas ações da guerra contra os mascates em 1710), teria descendido o nosso referido acima José, no século XVIII estabelecido em Alagoas.  
  Manuel, a que tudo indica, confirma a veia contestadora discreta e central da família. O nosso historiador Evaldo Cabral de Mello registra que este Manuel Cavalcanti de Albuquerque, pai de José, chegou a atuar em episódio histórico muito curioso da “Guerra contra os Mascates” ao esconder revoltosos contra a coroa na própria capela de seu engenho “Tapirema”, nos primeiros momentos desta guerra. Na ocasião a pequena igreja foi cercada por aproximadamente 200 religiosos de várias ordens, até mesmo armados, e com o apoio do bispo de Olinda conseguem dar fuga aos sublevados que logram escapar (16). Sugerimos que Manuel possa mesmo ter sido punido, preso também em Goiana, por participar deste ato de rebeldia (17).
   
   O nosso identificado José Cavalcanti de Albuquerque, primeiro do ramo estabelecido em Alagoas, seria, portanto, o filho mais velho do discreto rebelde, Manuel. 
   José, nascido nos meados do século XVIII, havia deixado a vila de Goiana, berço de sua família, não sabemos se por motivos pessoais ou políticos, ainda que possamos conjecturar sobre esta ultima possibilidade - talvez uma ruptura familiar de caracter nativista, em virtude das posturas políticas adotadas por seu próprio filho pouco mais tarde, também radicais e independentistas. 
    José estará radicado definitivamente nas Alagoas nos anos 1770 ou 1780, constando seu nome no trabalho minucioso da genealogista Adalzira Bittencourt, ainda que sem mais constar o sobrenome português Lacerda de sua bisavó, nem o titulo de fidalgo. (18) (19) A listagem registra também o nome da mãe de José, Sebastiana Carvalho, de família também atuante na Guerra dos Mascates. (20) (21).           
    
   


   O ramo dos Cavalcanti de Albuquerque do “Castanha Grande” nos século XVIII, XIX e XX. Mais informações. 
       
   
   O elo que unia os ancestrais Cavalcanti de Albuquerque à arvore genealógica do ramo do "Castanha Grande”, elo que as ultimas gerações da nossa família vinham tentando recompor, fora por fim localizado. 
   O que se narra a seguir é, em parte, já do conhecimento comum de muitos dos membros do ramo do “Castanha Grande”, acrescentadas algumas outras informações e curiosidades recolhidas em fontes esparsas – em notórios historiadores modernos ou cronistas, fontes familiares, ainda informações pessoais da autora. 
    Estas novas, ou já conhecidas informações, ainda mais confirmam as características da linhagem, - o veio discreto, mas firme e contestador do ramo central dos Cavalcanti de Albuquerque, agora estabelecido em Alagoas.    

   Como sabemos por fonte familiar do ramo, já em 1817 José Cavalcanti de Albuquerque estava estabelecido no sul de Alagoas há algum tempo, no engenho “Santa Rosa do Flamenguinho”, proximidades dos rios Camaragipe e S. Antonio Grande, casado com Luiza Cavalcanti.
   José tivera um filho também Manoel (1797 - 7 de março de 1970), que constatamos, levou o mesmo nome do dono do “Tapirema” - Manoel Cavalcanti de Albuquerque. 
   Também este jovem, como seus ancestrais, logo teria manifestado a mesma índole indômita e não conformista, especialmente “sdegnosa” dos longevos ascendentes Cavalcanti republicanos na Toscana, que por aqui ainda se mantinha voltada à luta contra os invasores, depois libertária e nativista - agora, francamente independentista e republicana (22).  
    Fato que já nos parece até mesmo natural - este jovem Manoel, dedicado à vida religiosa no Seminário de Olinda - núcleo de contestadore - muito culto, em sua geração participou da Revolução Pernambucana de 1817, movimento que levava ideais de rompimento com a metrópole, ainda ideais de uma República francamente aos moldes da Revolução americana e Francesa de 1789. Por seu envolvimento na “Revolução Pernambucana” Manoel teve sua cabeça cobrada, como o lendário Antonio Cavalcanti “da Guerra” holandesa, agora pela própria Coroa.
    O enforcamento foi castigo ainda frequente nos acontecimentos de 1817, mas na época assustou e traumatizou os pais do jovem Manoel.
       
    Relato recolhido pelo dedicado cronista do ramo, Oziel Cavalcanti de Gusmão, seu descendente, recorda o episódio marcante na vida deste ramo da família (23): 
       “Manoel, que cursava o seminário de Olinda, comprometera-se com o movimento republicano e foi obrigado a se esconder, depois do fracasso da revolução nacionalista daquele ano, nas matas circunvizinhas do engenho paterno. Corriam notícias alarmantes de enforcamentos e degredos de patriotas. José Cavalcanti e esposa temiam pelo destino do filho. Eles sabiam que o Conde dos Arcos estava procurando vítimas. Por vezes, na calada da noite, o aflito casal reunia num das salas mais discretas da casa grande o conselho de família, para deliberar sobre o assunto. O jovem Manoel continuava oculto nas brenhas, alimentado às escondidas por pessoas de confiança. Os bens dos revolucionários já tinham sido seqüestrados e um decreto real nomeara o neto do Marquês de Pombal, o tenente-coronel Sebastião Francisco de Mello Povoas para o governo da Capitania. José Cavalcanti resolveu ir pessoalmente ao Ouvidor Batalha, antes da chegada de Mello Povoas e apelar perante o Ouvidor as “tontices da mocidade”. Depois de ouvi-lo, Batalha sentenciou: “Entregue-lhe a cabeça à forca”. O senhor da Flamenguinha saiu da audiência sem acertar as escadas. Pode-se calcular a angústia que trouxe para casa quando noticiou o resultado da conversa à sua esposa. Mas, não se deixou tomar pelo desalento. Seu amigo e vizinho Ambrósio Machado da Cunha, capitão-mor e senhor do engenho Unussu, aconselhou-o a ter calma e “dar tempo ao tempo”. E, com efeito, quando da chegada de Mello Povoas, quinze meses após sua nomeação, a autoridade de Antônio Ferreira Batalha já estava enfraquecida. Grandes acontecimentos estavam para ocorrer. O caso de Manoel Cavalcanti de Albuquerque caiu no esquecimento e ele voltou ao seminário, sarado do seu entusiasmo”. 
     
      O jovem Manoel, não conformista, posteriormente irá deixar o seminário e, já mais acalmado, se casar com a filha do citado acima e dedicado vizinho, senhor do engenho Unussu. 
      Seu feliz casamento com a muito jovem Ana Rosa acontece de forma interessante durante as próprias comemorações da Independência do Brasil - episódio de rompimento com Portugal que hoje sabemos muito se deveu aos Cavalcanti, especialmente ao ramo colateral dos Cavalcanti de Albuquerque, os notórios Suassuna, envolvidos também em conspirações e no próprio movimento de 1817.  Para o ramo central e discreto da família este foi momento importante, e duplo motivo de comemorações, conseguida por fim a Independência há tanto perseguida.  Grandes festividades acompanham a ocasião e este casamento, pois as tropas do general Labatut neste momento pernoitavam no engenho “Ipioca”, onde as bodas foram ainda realizadas (24).   
    
         Lembra o historiador Manuel Oliveira Lima este duplo motivo de júbilo:
  “O casamento foi celebrado ao som de salvas dos soldados de Labatut que em 1822 na sua missão unionista ao Recife, pernoitara no engenho e de certo ficara encantado com a figurinha loura e gracil da noiva Rosa Machado da Cunha que então contava 14 anos.” (25)
   
   Com esta jovem, de nome completo Ana Rosa da Cunha Freitas (“Mamãe Loló”), o jovem Manuel, antigo rebelde agora ativo e empreendedor senhor de engenho com o auxilio do sogro, conseguiu progredir na administração de seus bens, chegando a centralizar mais de nove engenhos em torno do já adquirido engenho “Castanha Grande”. 
   Nestes engenhos distribuiu mais tarde sua prole de muitos filhos: os engenhos “Roncador”, “Cachoeira”, “Guindaste”, “Santa Helena”, “Santa Catarina”, “Unussu”, “Quintunde”, “Castanhinha”, “Levada”.  A região tornara-se, então, centro de muito rendosa produção de açúcar (26). 
     Já maduro, conhecido por suas posturas liberais e grande cultura clássica, fisionomia muito parecida com Alexandre Herculano, Manoel Cavalcanti de Albuquerque (chamado de “papai Cavalcanti”) esteve duas vezes na Europa, uma delas levando a família (27).
    Deste casal patriarca há em Maceió, ainda na posse de seus descendentes, retrato a óleo de época muito expressivo e bem conservado. Também os edifícios públicos na bem traçada cidade de S. Luís do Quitunde, que ajudou a fundar ao lado do engenho sede “Castanha Grande”, são registros históricos ainda memoráveis de sua atuação social inovadora, mas sua postura modesta e discreta (28). 
       Foram filhos de Manoel Cavalcanti de Albuquerque (“papai Cavalcanti”) e de Ana Rosa (“mamãe Loló”): Ambrósio, Manoel (“Minou”), Maria Luiza (“vovó Maroca”), Maria Pastora, Luiza, Rosa, Ana Rosa, Constança, Joaquim (“Quincas’) e a pequena Clara, muito cedo falecida (29) (30). 
      
    O filho mais velho do casal, Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti, cujo nome homenageava o leal vizinho e avô materno, os Machado da Cunha, formou-se como bacharel em Direito em Olinda (1857) e, também, na Universidade de Bruxelas. Em 1861 Ambrosio casou-se com Antonia da Silveira Lins, uma das filhas do Visconde de Utinga (31).  
   Ambrósio (“tio Ambrósio” na tradição familiar) foi, sem dúvidas, também personalidade muito característica da mesma longeva e respeitável linhagem varonil dos Cavalcanti de Albuquerque, e é descrito pelo nosso historiador Manuel Diegues Junior, por ele mesmo já identificado, como um democrata “por sua índole familiar” - ao final abertamente republicano, rival dos Souza Leão em Pernambuco. 
    Também o conhecido historiador e acadêmico, Manuel de Oliveira Lima, que se debruçou com delicadeza sobre a personalidade de Ambrósio, dirá que ele abraçara o credo republicano mesmo antes da Abolição, tendo sido “um verdadeiro aristocrata no aspecto e nos modos” (32). 
      Ambrósio, em um acirrado conflito político contra os Souza Leão em 1880 na vila de Vitória em Pernambuco, foi seriamente ferido, levando dois tiros, um na testa outro na coxa, ainda uma punhalada nas costas. Sobreviveu aos ferimentos, mas seu cunhado, o barão da Escada, Belmiro Silveira Lins, na verdade um conciliador morreu com vários outros combatentes no confronto político, na verdade cerrado tiroteio. 
     Este episódio histórico e político, doloroso para a família, ficou conhecido como “Hecatombe de Vitória” e teve mesmo intensa repercussão na Corte. Entretanto, atualmente o fato chega a ser ocultado por alguns historiadores contemporâneos por não poderem aceitar que um senhor de escravos, um Cavalcanti, considerado membro da elite e de família hostilizada por preeminência em Pernambuco e mesmo no Império, pudesse se envolver com esta intensidade pela República. Desconhecem absolutamente a trajetória histórica dos Cavalcanti, e Cavalcanti de Albuquerque, no Brasil. 
      Ambrósio, pelo precursor partido Republicano Histórico de Pernambuco, chegou a ocupar o Governo do Estado no ano de 1890 e novamente o cargo entre 1892-1996.  Faleceu em 1897 no seu engenho em Pernambuco, o “Gaipió”.
     Deste ramo varonil e primogênito proveniente de Ambrosio, que voltou a se estabelecer em Pernambuco, sabemos que descendeu Manoel da Cunha Cavalcanti, desembargador naquele estado e, na atual geração, o juiz Rafael Machado da Cunha Cavalcanti, nascido em 1969 (33). 
    
        O escritor Manuel Oliveira Lima, intelectual muito reconhecido em sua época, foi sogro do segundo filho de “papai Cavalcanti”, também chamado Manuel Cavalcanti de Albuquerque, o “Minou”, dono do engenho “Cachoeirinha”, herdeiro do “Castanha Grande”. 
    
   Em suas reminiscências Oliveira Lima, grande viajante, escreveu páginas literárias primorosas sobre a sua convivência com estes ilustres senhores de engenho que mantiveram seu núcleo no engenho “Castanha Grande”, vivendo como sabemos em casa modesta e sem luxo. Senhores de engenho que tinham respeito por seus escravos. O texto de Oliveira Lima, por sua importância histórica, é transcrito ao final deste trabalho, em anexo.

                      Também a literata e memorialista Maria Cristina Cavalcanti de Albuquerque,  reportando-se a “Minou” e lembra suas preocupações culturais (34):

“Contratou uma preceptora inglesa para educar os filhos, aulas e exigências iguais  para meninos e meninas. Pesquisador e botânico  deixou contribuições cientificas de muita utilidade no replantio da cana de açúcar”.

        Também o historiador Manoel Diegues Junior, lembrando os nomes ilustres da história de Alagoas que vieram dos engenhos de açúcar, refere-se elogiosamente ao filho caçula do patriarca “papai Cavalcanti”, Joaquim Machado da Cunha Cavalcanti, o “Quica”, que estudara igualmente em Bruxelas.  Ao auxiliar seu pai foi o benemérito fundador da vila de S. Luiz do Quitunde nas terras do engenho, com o capricho particular de encomendar um plano muito bem traçado para as ruas e praças ao engenheiro prussiano Carlos Bolstenstern (35).     
   Lembra Manoel Diegues: “... a vila de S. Luiz do Quitunde por ele idealizada e fundada em 1869, ao lado do engenho ‘Castanha Grande”, foi uma das primeiras cidades planejadas do Brasil, chegando a exportar, pouco depois de fundada, 100 mil sacos de açúcar (36). 
    Seguindo a vocação da família para as letras, poeta dos mais interessantes, “Quincas”, entretanto, ao final da vida (+1885) passou por dificuldades econômicas (37).
   
     Ainda hoje, ruínas grandiosas nos sugerem as dimensões de uma casa-grande pretendida pela família para sede do engenho “Castanha Grande”, sede não executada pela dificuldade depois enfrentada pela família com a decadência da economia açucareira no Estado. 
     Mas a própria cidade de S. Luiz do Quitunde, com tanto carinho planejada e executada integralmente, tarefa privilegiadas pela família, ainda hoje homenageia, - na igreja local, no grupo escolar e em outros beneficiamentos - o nome desta geração de Cavalcanti de Albuquerque e Cavalcanti de Gusmão. No altar mor da Igreja da pequena cidade ainda se está entronizada a bonita imagem da Santa padroeira do Castanha Grande - a Divina Pastora (38).  

     O nosso caro historiador dos bangüês das Alagoas, Manuel Diegues Junior, lembra também que, deste ramo Cavalcanti progressista e republicano, “saiu ilustre descendência não só no século passado, senão ainda no atual...” (39). 
     Em suas próprias palavras: 
                    “Dentre estes Cavalcanti cabe ainda destacar o Dr. Ambrósio Cavalcanti de Gusmão Lyra, [filho de Rosa] inteligência das mais brilhantes de sua geração; sobrinho de Ambrósio foi senhor de engenho no Unussu e no Peri-Peri. Republicano histórico fez parte da constituinte Estadual das Alagoas em 1891, saindo relator da comissão elaborada do projeto constitucional. Falecendo muito moço em 1892, deixou um dos nomes mais ilustres de sua época na vida pública das Alagoas. Além disso, sabe-se das idéias progressistas de que era possuidor. Sob sua influência, seu pai o velho coronel Felix José de Gusmão Lyra, montou no engenho Unussu modernos aparelhamentos que vieram torná-lo não apenas um dos precurssores da usina, mas igualmente um espírito renovador dos processos de aproveitamento da cana de açúcar” (40). 

      Manuel Diegues ressalta ainda outro descendente muito ilustre deste ramo, neto do patriarca “papai Cavalcanti”, filho de Maria Luíza Cavalcanti de Albuquerque (“vovó Maroca”) e de Tomás José de Gusmão Lyra - Manoel Messias de Gusmão Lyra (25/1/1847-1905), importante político republicano e alagoano de prestígio nacional.
       Manoel Messias tornou-se em sua geração não só o proprietário do engenho-sede, o “Castanha Grande”, mas também político importante e ultimo Presidente da Província na monarquia, chegando a Senador da jovem República no Rio de Janeiro. 
    Conceituado como político no seu Estado, também como jurista, sociólogo, jornalista e literato. Especialista em questões relativas à economia do açúcar organizou o primeiro sindicato de agricultores de açúcar em Alagoas (41).    
   
     Nosso historiador dos banguês refere-se a Manoel Messias com detalhes, elogiando o seu caráter e seu apurado espírito público ao aceitar ser candidato ao Senado republicano, mandato aceito mesmo contra sua vontade. Convocação sentida como uma convocação cívica, pois ele tinha a vocação atávica, como bem lembrou depois seu filho Carlos, de produtor de açúcar e mesmo a necessidade de cuidar de seu engenho, já em dificuldades econômicas características da época e da abolição (42). 
    Mantida ainda no ramo a tradição cultural longeva do poeta Guido Cavalcanti e a tradição republicana da família na Toscana pela vinda com o florentino Filippo ao Brasil, fugido da perseguição da família dos tiranos Medici, sugerimos que a aceitação deste cargo por Manoel Messias, cargo exercido nos preâmbulos da Republica, entre 1892 e 1893, renovado entre 1894 e 1896, fosse em verdade uma homenagem deste “senhor de engenho” ainda idealista aos seus antepassados – antepassados que haviam sido moldados pelo próprio regime republicano na Itália medieval e que por este regime haviam lutado denodadamente, constatamos, tanto na Itália quanto no Brasil.
           
      Com a morte deste dono de engenho e importante político do estado de Alagoas em 1905, período em que ocorre a desorganização da economia açucareira, seu filho primogênito do primeiro matrimônio, Antonio Cavalcanti Albuquerque de Gusmão (1870-1948), educado como futuro herdeiro do Gastanha Grande e apelidado o “Sinhô”, vê-se na contingência de vender a metade de sua herança para os irmãos do segundo matrimônio de seu pai, e mudar-se para o Rio de janeiro, onde já havia estudado. 
       Antonio, estudante no Rio, por ocasião da Revolta da Armada e seguindo o atavismo que agora facilmente se explica, se alistou por conta própria num batalhão patriótico para defender a legalidade republicana florianista (43).
     Como seus antepassados, era também simpatizante dos ideais da revolução francesa e, agora, em sua geração, das novas ideias positivistas. Despojado conscientemente de luxos e vaidades, Antonio deixa de receber seu diploma de engenheiro.  Por volta de 1908, Antonio migra definitivamente para o Rio de Janeiro, já casado com sua jovem prima do mesmo ramo, Emília Cavalcanti de Albuquerque. 
     Emília, (“vovó Santinha”), jovem ainda com traços nitidamente de índia, preparada para ser uma segura e prendada senhora de engenho era, na verdade, uma cultora da boa poesia libertária de Castro Alves, que conhecia por estímulo do pai e parentes poetas, mesmo, de cor.  Até o fim da vida no Rio de Janeiro, com boa memória, ela recitava para os filhos - cinco, todos muito bem formados - inspirando igualmente os netos, o longo poema “Vozes d´África” (44).
      Antonio Cavalcanti de Gusmão acompanhou consciente e participante, com seus irmãos, os conflitos de classe que geraram a primeira e segunda guerras mundiais e, no Brasil as tentativas de revolução de 30 e 35. De Antonio se dirá que, apesar do seu nascimento ilustre e próspero, possuia “um máximo de bondade e um máximo de modéstia”. Pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, chegou a ser eleito o primeiro brasileiro membro titular do Instituto Internacional de Estatística em Haia, em 1935 (45).  
     Os irmãos mais moços de Antonio, ao estudarem no Rio de Janeiro, com o já característico e conhecido entusiasmo juvenil e familiar participaram da libertária Revolta da Vacina (1904).  Carlos Gusmão, um desses jovens irmãos, desembargador e político mais tarde em Alagoas, relata os episódios de que participaram estes jovens:
        “Mário, no Realengo, colocando-se ao lado dos sublevados, subia numa mesa para deitar falação... e Tomaz, que marchou com os comandados do General Travassos foi ferido na mão quando na Rua da Passagem, em Botafogo, a polícia de Piragibe atirou sobre os alunos... Meus irmãos... presos, foram levados para um quartel em Niterói, embarcados no vapor Itapaci que os levou até Porto Alegre onde, depois de desembarcados, foram expulsos das fileiras do Exercito” (46).
        A índole idealista e contestatória familiar, pelo visto, se mantinha ainda muito atuante neste episódio vivido pelos jovens Cavalcanti Albuquerque de Gusmão, do ramo do “Castanha Grande” no Rio de Janeiro, já no começo do século XX, para eles de muito sérias e penosas conseqüências como observamos acima. 

       Mesmo com os abalos sofridos - a decadência da indústria açucareira pelo fim da escravatura e o posterior advento da usina - o Engenho “Castanha Grande”, com antiga e simples casa sede, encontra-se ainda hoje de pé, em Alagoas, na posse dos descendentes de Manoel Messias de Gusmão (o “Manoelzinho da Castanha”), outro meio irmão de Antonio (47). O engenho ainda produz cana para a usina vizinha, e tenta a família a criação de búfalos.  
       Este ramo dos Cavalcanti de Albuquerque, núcleo central e ainda cultor de tão honrosa genealogia, havia se enriquecido ainda mais culturalmente por ligações colaterais com famílias também muito atuantes na política e nas artes em Alagoas - como os Pontes de Miranda, Lins e Barros, Oliveira Lima, Buarque de Holanda, Góis Monteiro, Gusmão Lyra (48).
        Atentos à tradição de bem receber, capazes de reproduzir ainda pratos típicos da requintada culinária nordestina, os Cavalcanti Albuquerque de Gusmão do “Castanha Grande” se espalham hoje pelo Brasil. Mantêm freqüentemente traços indígenas e olhos rasgados, entusiasmados por uma discussão política e, mesmo, por decidida participação contra ditaduras, desejosos de uma justa Republica.  
      
     Este ramo central e descendente dos Cavalcanti de Albuquerque ainda mantém suas vinculações, mesmo já espalhado pelo Brasil, com seu núcleo e centro familiar, o engenho “Castanha Grande”, em Alagoas. Morando no Rio de Janeiro ou mesmo espalhados pelo Brasil, ainda são inspirados pelo antigo ascendente e poeta florentino Guido Cavalcanti, guardando o pendor para as letras e escrita poética, atividade a que alguns ainda se dedicam - talvez a maior contribuição de seus antepassados, os lendários cavaleiros cantantes - os Cavali-i-canti (49).




Notas 

(1) Sobre a característica “sdegnosa” dos Cavalcanti, suas origens e luta pela República de Florença e de Siena na Toscana, consultar vários artigos da autora na mídia eletrônica, especialmente, “Influências culturais de Guido Cavalcanti” e “Os Sdegnosos Cavalcanti” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/   
  Inúmeros são os trabalhos historiográficos, inclusive os da autora, que já se referem à genealogia, história e psicologia familiar dos Cavalcanti de Albuquerque no Brasil. Ainda para auxilio do leitor, sobre a psicologia dos Cavalcanti de Albuquerque, selecionamos:
  Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965.   
  Cabral de Mello, Evaldo - O nome e o Sangue, Cia. das Letras, S.P., 1989.   
  Cabral de Mello, Evaldo – A Fronda dos Mazombos, Cia. das Letras, 1995.
  Cabral de Mello, Evaldo - Rubro Veio, Top-Books, 1997. 
  Cabral de Mello, Evaldo - artigo “O mito de Veneza no Brasil”, publicado no jornal “Folha de São Paulo”, 1 de julho 2001, posteriormente repetido e editado em seu livro, Um imenso Portugal, Ed. 34, 2002, cap. “O Mito de Veneza”, pg.156. Neste trabalho o autor confirma o possível envolvimento político republicano de Filippo contra os Medici, em Florença, valorizando a tradição famíliar oral e sua experiência política.       
   Cavalcanti de Albuquerque, Maria Cristina, “O Magnificat, Memórias Diacrônicas de Dona Isabel Cavalcanti”, romance, Tempo Brasileiro, RJ, Fundação Roberto Freire, 1990. 
   Gilberto Freyre - “O velho Felix e suas memórias de um Cavalcanti”, Recife, Fundação Joaquim Nabuco, Ed. Massangana, 1989. Prefácio. 
   Gusmão, Carlos de - Boca de Grota, Reminicências, Maceió, Serviços Gráficos Gazeta de Alagoas, 1970.
  Gusmão, Oziel Cavalcanti de – “Notas sobre os Albuquerque Cavalcanti, ano 1997”, livreto para uso familiar do ramo do Castanha Grande.
  Torres, Rosa Sampaio - “Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, em revisão para uso familiar. 
  Torres, Rosa Sampaio – numerosos artigos da autora sobre a família Cavalcanti na Itália e atuação dos Cavalcanti de Albuquerque no Brasil, publicadas no blog http://rosasampaio.blogspot.com/  
   Torres, Rosa Sampaio – ainda os artigos “Antonio Cavalcanti de Albuquerque, o da Guerra, e os ideais nativistas”, “A guerra contra os Mascates e os Bezerra Cavalcanti”, em finalização, mas já abertos para consulta. 
(2) Para a recuperação das relações familiares dos vários ramos de Cavalcanti de Albuquerque em Pernambuco, usamos a lista genealógica de Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 294-305, baseada na “Nobiliarquia Pernambucana” de Borges da Fonseca corrigida, detidamente, pelo notável genealogista Carlos Xavier de Paes Barreto. Em caso de dúvidas outros autores são citados em notas específicas.
(3) Nossas primeiras informações específicas sobre o ramo da Castanha constam em Gusmão, Oziel Cavalcanti de – “Notas sobre os Albuquerque Cavalcanti, 1997”, livreto, anotações cuidadosamente recolhidas para o uso familiar específico do ramo do “Castanha Grande”, já citando inúmeras fontes históricas entre elas a obra de D. Duarte de Albuquerque Coelho. 
  Quanto à documentação de Goiana soubemos que fora destruída em 1848, em naufrágio de uma canoa, episódio da Revolução da Praieira, registros e certidões não mais passíveis de consulta.  Como a documentação de Goiana fora destruída não fora possível ao ramo do “Castanha Grande” obter maiores informações sobre o elo faltante.       
   Sobre a destruição destes documentos, parte da história de Goiana, consultar Jordão Filho, Povoamento de Goiana, pg. 180.  Ver ainda comentário na nota 18.
   Sobre a história da formação de Goiana e sua economia, consultar especificamente Jordão Filho, Ângelo - Povoamento, Hegemonia e Declínio de Goiana, Recife, Cia. Editora de Penambuco, 1977. Também episódios históricos ocorridos em Goiana, Cabral de Mello– A Fronda dos Mazombos, Cia. das Letras, 1995. 
    Ver ainda sobre a história de Goiana nota abaixo 4.
(4) Mais detalhes e informações sobre Antonio Cavalcanti de Albuquerque (c.1563- 1640?) , sua esposa  Isabel de Goes, sua prole  e a origem de Arnau de Holanda, consultar adiante  artigo específico Torres, Rosa Sampaio- “Antonio Cavalcanti de Albuquerque” próximo no blog. 
   Mas adiantamos que, em 1602, Antonio Cavalcanti de Albuquerque filho mais velho do florentino, já teria habitado um novo engenho reconstruído e denominado “Goiana Grande”, engenho também habitado por seu filho, Jerônimo. Jordão Filho - opus cit. refere-se a um relato de Frei Vicente do Salvador, em sua História do Brasil, pg. 304 e segs. - uma visita do irmão do conde de Atalaia que, ao não encontrar Antonio no engenho, é recebido por seu filho Jerônimo. Fato que também teria sido referido por Pereira da Costa, em Anais Pernambucanos, Vol. I, pg. 420.  
  Goiana, descrita pelo historiador Jordão Filho foi região paradisíaca, muito frutífera e piscosa, onde o sertanista Diogo Dias nos primeiros momentos de ocupação teria erguido o seu engenho Recunzaém, engenho por duas vezes totalmente destruído pelos indígenas potiguaras, com grande e dramática perda de vidas.  As terras deste engenho destruído, vendidas pelo filho de Diogo, Bartolomeo Dias, teriam sido adquiridas, (supomos pelas datas) pelo florentino Filippo Calvalcanti para seu filho João, seu primogênito ainda muito jovem, talvez com a data calculada de uns quinze anos, pois há documento do pedido de licença para esta aquisição datado de 1577 em nome de João Francisco Cavalcanti de Albuquerque, de Araripe (documento citado por este autor, na pg. 159. Sabemos que Filippo Cavalcanti teria aportado por aqui por volta de 1560). Com a morte precoce deste João, [como indica a genealogia de Borges da Fonseca], as terras teriam sido herdadas pelo seu irmão Antonio. Pois, segundo Cabral de Mello (O Bagaço de Cana, 2012), o engenho “Goiana”, já de propriedade de Antonio Cavalcanti em 1623 produzia 12 487 arrobas, sendo posteriormente vendido para o comerciante Gaspar Pacheco e saqueado em 1633, durante a ocupação holandesa. 
     A documentação acima citada, da compra de terras referida por Jordão Filho, consta de uma doação à municipalidade da atual cidade de Goiana, editada na “Revista do Instituto Histórico de Goiana”, ano 1871, fls. 34 3 e 39, devendo ser consultada para confirmação e acrescentamento do que sugerimos. 
     Referidos ainda por Jordão Filho outros engenhos muito antigos na região (mais seis, além do "Goiana Grande") – o “Bojari”, “Mariana”, “Jacaré”, “Engenho Novo”, “Japomirim” e “Boa Vista” ou Três Paus [este sabidamente de propriedade de Isabel de Moura], segundo oeste autor alguns deles propriedades de Jerônimo e de seu primo Lourenço, filho de sua tia Felipa.
    Felipa Cavalcanti de Albuquerque, filha do florentino e da mameluca Catarina, irmã de Antonio, sabemos foi também casada com um filho de Arnau de Holanda, Antonio de Holanda de Vasconcelos (Bittencourt, opus cit, pg. 305) que em 1602 que teria sido dono do engenho “Ipitanga” em Goiana (Cabral de Mello, O Bagaço, pg. 144-145).  Felipa, mãe de Lourenço, herdeiro do “Ipitanga”, em 1635 já idosa também teria se retirado de Goiana, acompanhando o filho e a família. (Informações da revista IAGP, vol. 20-27, 1871). 
   Lembramos que o engenho “Boa Vista”, antigo “Três Paus”, havia sido de Antonio Ribeiro de Lacerda, herói falecido na luta contra os holandeses. Do engenho “Boa Vista” sua viúva, Isabel de Moura, havia também se retirado e a posse deste engenho será posteriormente motivo de muito litígio. Sobre este litígio ver mais nota 12.
 (5) Dois irmãos de Antonio, mais moços, igualmente filhos do florentino, já haviam participado da luta contra os holandeses no início da invasão - Lourenço e Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque. 
   Lourenço C. de A., tido como notável guerreiro teria participado da primeira invasão holandesa, falecido em 1624 na Bahia, solteiro (Bittencout, Adalzira, opus cit., pág. 301). Foi coronel e comandante de uma companhia enviada por Matias de Albuquerque, seu primo, para a Bahia, atacada pelos holandeses em 1624 (Gusmão, Oziel, – livreto familiar “Notas sobre os Albuquerque e Cavalcanti”, tendo como fonte original Frei Vicente do Salvador).  É citado, também, pelo historiador João Ribeiro como atuando sob o comando do bispo d. Manoel Teixeira, na Bahia, e no arraial de Bom Jesus. (Hist.do Brasil, pg. 146 e 150). 
    Jerônimo C. de A., em 1625, é igualmente enviado por Matias de Albuquerque à Bahia em socorro a final retomada da praça aos holandeses. Volta para Pernambuco como Governador de Armas, deixando aí geração ilegítima com Barbara Soares (Bittencout, Adalzira, opus cit. pág. 301 citando Jaboatão e Borges da Fonseca, ainda Gusmão, Oziel, – livreto familiar “Notas sobre os Albuquerque e Cavalcanti”.
(6) Mello, Evaldo Cabral de, em Rubro Veio, Top-Books, 1997, p. 434, 435, refere-se a oito engenhos abandonados aos holandeses na região, a metade dos Cavalcanti de Albuquerque, sem menção de nomes e sem fontes indicadas. 
    Informações mais precisas sobre o número dos engenhos abandonados pelo ramo central dos Cavalcanti de Albuquerque são referidos por Gusmão, Oziel Cavalcanti no livreto “Notas sobre os Albuquerque Cavalcanti, 1997”, livreto para uso familiar do ramo do “Castanha Grande”. São referidos por Oziel Gusmão como abandonados por Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque três engenhos e uma fazenda. Dois outros seriam de propriedade de Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, o filho de Filipa com Antonio de Holanda Cavalcanti (sua fonte D. Duarte de Albuquerque Coelho?)
   Entretanto, em seu livro recente “O Bagaço de Cana”, de 2012, Evaldo Cabral de Mello nas pgs. 144-149 usando fontes holandesas conseguirá referir como pertencente a  Jerônimo Cavalcanti, e por ele  abandonados, os engenhos  “Bujari”,  “Capibaribe”  ou Tres Paus (!)  (herdados de seu pai Antonio) e o “Mussumbu”, por ele próprio levantado e tido em sociedade com seu primo Lorenço.  O “Ipiranga” era de propriedade única de seu primo Lourenço Cavalcanti, herdado de sua mãe Felipa, referido já em nota acima. O engenho “Cosme e Damião”, igualmente abandonado na região era de propriedade da tia Margarida, casada com Cosmo da Silveira. 
  No caso, analisando estas recentes informações de Cabral de Mello - total da família Cavalcanti de Albuquerque na região de Goiana, cinco engenhos. O engenho “Goiana”  fora vendido por Antonio em 1623, o “Bujari” e “Capiberibe” incendiados já em 1633 por tropas holandesas. 
    Lembramos finalmente que o engenho “Bujari”, levantado por Diogo Dias e refundado pelo florentino Filippo Cavalcanti entre 1585 e 1595, teria sido o preferido por seu filho mais velho Antonio para criar sua prole e depois propriedade do neto Jerônimo. Depois queimado por holandeses foi deixado por Jerônimo para trás ao inimigo (Cabral de Melo- O Bagaço de Cana, pg. 149).  Depois da guerra holandesa teria sido recuperado por descendentes da família Cavalcanti de Albuquerque, fato comentado em Torres, Rosa Sampaio - artigo “Guerra contra os Mascates”, ainda inédito.   
    O engenho “Boa Vista” na região, sabemos, foi na época de propriedade de Isabel de Moura, viúva de Antonio Ribeiro de Lacerda, cuja filha irá casar depois na Bahia com o irmão de Jerônimo, Felipe. Cenário de grandes disputas ao fim da guerra holandesa. Citado nota 4 e história nota 12.   
(7) Mello, Evaldo Cabral de - Rubro Veio, Top-Books, 1997, p. 434, 435.
(8) João Ribeiro, História do Brasil – 19ª edição Livraria Francisco Alves, 1953, pag. 151 e 152 continua: “... Em Porto Calvo [AL] numa emboscada venceram o chefe holandês Picard, que se rendeu, entregando, dos seus trezentos soldados mais de metade, que era de brasileiros; entre estes estava Calabar, e, como é próprio da fraqueza humana, vingaram-se dos seus desastres talvez com a alegria de vê-lo expiar no patíbulo o preço da infâmia”. A partir dái dividiram-se.  
    Matias de Albuquerque dera livre passagem aos 380 homens rendidos de Picard, menos a um que “devia ficar a mercê del-rei”.  Imediatamente Calabar fora enforcado e esquartejado como castigo da deserção. 
(9) Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 292, afirma não constar em Jaboatão que este Jerônimo tivesse matrimoniado, e se Borges da Fonseca supõe casamento não acrescenta outras referências. Carlos Eduardo Barata, Dicionário das Famílias Brasileiras, pg. 698, o cita Governador de Cabo Verde em parte dos anos de 1639 e 1640. 
(10) Na listagem de Bittencourt, A. – opus cit, pg. 192, entre Jerônimo e Felipe teriam nascido ainda dois filhos homens que não tiveram descendência, pois se tornaram religiosos, Manuel e Paulo. A Felipe seguem-se ainda várias filhas mulheres, acrescentado ao fim da listagem por Jaboatão ainda um outro filho varão de Antonio, Jorge - certamente o mais moço, o inconformado e rebelde sistemático contra a coroa Jorge Cavalcanti de Albuquerque.  Este virá a morrer na prisão no fim do século XVII, citado nas notas 14 e 15 com fontes a seu respeito. 
    Felipe Cavalcanti de Albuquerque num breve comentário em Bittencourt, A – opus cit, pg. 192, teria “participado da luta flamenga”.  Sobre Felipe C. de A, temos que teria nascido em c. 1596 e falecido em 1657, em Ipojuca - datas fornecidas por Carlos Eduardo Barata, DFB, pg. 713. Bittencourt, Adalzira – opus cit., pg. 292, cita ainda a lista de seus descendentes. 
    Acreditamos que Felipe tenha recuado para a Bahia em 1635, acompanhando os entreveros militares de seu irmão Jerônimo. Pois na Bahia Felipe se casou com Maria de Lacerda, cuja mãe Isabel - viúva do herói Antonio Ribeiro de Lacera - havia também recuado e abandonando o engenho “Bela Vista”, estabelecendo-se, segundo Cabral de Mello (O Bagaço... pg.119), no recôncavo baiano, no engenho “S. Paulo”.  Felipe dará sequência ao ramo familiar varonil dos Cavalcanti de Albuquerque, como patriarca desta linha, e teria voltado à Ipojuca (PE) ao fim da guerra com cinco filhos ainda pequenos (o primeiro, Antonio, nascera em 1647 segundo Bittencourt, A. - opus cit., pg. 291). Felipe em Ipojuca teria falecido pouco depois em 1657. Cabral de Mello (O Bagaço..., pg.119) afirma que Felipe, retornando da Bahia ao final dos enfrentamentos, conseguirá ainda retomar o engenho “Trapiche” em Ipojuca, engenho da família de sua esposa, como o “Boa Vista”.  Entretanto, sua filha Isabel não mais irá conseguir manter o engenho “Boa Vista”, leiloado a um comerciante português. Sobre o litígio posterior ver nota 12.        
(11) Sobre Antonio Cavalcanti de Albuquerque, “o da Guerra”                                                   (c.1608– 1646) e o nativismo colonial, consultar trabalho específico Torres, Rosa Sampaio - “Antonio Cavalcanti de Albuquerque, o da Guerra”, com todas as fontes, inédito mas já aberto a consultas. 
(12) Sobre o engenho “Boa Vista” comentamos em detalhes:
     Em 3 de julho de 1635, forças coloniais resistentes haviam tido severas perdas ante o avanço de forças holandeses e obrigadas a abandonar Vila Nova do Serinhaém, ultimo refúgio da população civil. A sogra de Felipe, Isabel de Moura, rica senhora de engenho viúva de Antonio Ribeiro de Lacerda, havia se juntado à população civil que fugia de Serinhaém, deixando para trás o seu engenho “Boa Vista”. Os que puderam empreenderam, então, retirada em fuga para o sul, inclusive esta prestigiada senhora de engenho que era filha de D. Felipe de Moura, sobrinho do patriarca Jerônimo de Albuquerque e também da de D. Brides, a dona da capitania.  
     O abandono do engenho “Boa Vista” aos holandeses trará importantes conseqüências na vida de gerações de Cavalcanti, consequências especialmente sérias para sua neta Isabel de Moura Cavalcanti, filha de Maria de Moura Lacerda e de Felipe Cavalcanti, casada na família Falcão. A contestação de Isabel Cavalcanti pela devolução deste engenho por volta de 1687 determinará mesmo a morte de seu marido na prisão e se torna pretexto de conflitos da nobreza da terra com a Metrópole. Seu tio Jorge, sempre em antagonismo com as autoridades portuguesas, duvidando-se que ainda fosse um súdito do rei, vem a morrer também na cadeia no fim do século. 
    Notamos que as várias filhas de Felipe C. de A. haviam se casado na família Falcão e Falcão Eça, família aguerrida na guerra holandesa e que a partir da disputa do engenho “Boa Vista’ estará, também, comprometida com o sentimento nativista e em conflito aberto com a coroa. Participando da “Guerra contra os Mascates” Leão Falcão d´Eça acaba morrendo em degredo nas Índias e o ramo Bezerra Cavalcanti martirizado. Sobre este drama familiar e político consultar Evaldo Cabral de Mello, A Fronda dos Mazombos, em especial todo primeiro capitulo, ainda Torres, Rosa Sampaio – artigo Jorge Cavalcanti de Albuquerque, publicado no blog da autora e os artigos “Antonio da Guerra” e “O Ramo Bezerra Cavalcanti e a Guerra contra os Mascates”, inéditos, com conclusões pessoais e toda as fontes indicadas, próximos no blog. Ver mais algumas informações nas notas 14, 15 e 16. 
(13) Bittencout, Adalzira, Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 292, 293, lista baseada em Borges da Fonseca corrigida por Carlos Xavier Paes Barreto, refere Felipe Cavalcanti de Albuquerque como tendo um filho primogênito, Antonio, batizado em 3-12-1647 e casado com Joana Fiqueroa, porém sem descendentes. Seguem–se quatro filhas mulheres, Isabel de Moura, Joana, Mariana, Úrsula até o citado Jerônimo, capitão. 
(14) Sobre os conflitos por Itamaracá, que antecedem a “Guerra contra os Mascates”, ver Cabral de Mello, Evaldo – “A Fronda dos Mazombos”, Cia. das Letras, 1995, capítulos iniciais e pg. 87, onde as dificuldades de controle deste Jerônimo C. de A. sobre seu já insubordinado tio Jorge Cavalcanti de Albuquerque são explicitadas, e uma carta do próprio Jerônimo se queixando dele à El Rei é mesmo referida. Entretanto, pouco mais tarde o próprio filho deste Jerônimo, Manoel Cavalcanti de Albuquerque, nas antevésperas da primeira revolta da nobreza escondeu o ouvidor-mor e rebeldes fugitivos do governador na capela de seu engenho “Tapirema”, episódio que curiosamente contou com a colaboração do bispo de Olinda e cerca de 200 religiosos armados, de várias ordens, tentando evitar a tomada da pequena Igreja (A Fronda dos Mazombos, citada, pg. 254 e 310). Sobre este episódio no engenho “Tapirema”, mais detalhes na nota 16.
       Sobre as atitudes iniciais dos Bezerra Monteiro e Bezerra Cavalcanti já pela República, ver o autor na nota acima citado e também Torres, Rosa Sampaio - artigos “Mazombo”, “Os ideais Republicanos no Brasil Colônia” e “Jorge Cavalcanti de Albuquerque, já editados no blog, e “A guerra contra os Mascates e os Bezerra Cavalcanti” este último inédito, mas já aberto a consultas. 
   Lembramos que várias filhas de Felipe C. de A. haviam se casado na família Marinho Falcão e Falcão Eça, família já em confronto com a coroa por volta de 1687 pela defesa do engenho “Boa Vista” - herança de sua filha Isabel. E não podemos esquecer que também seu sobrinho Antonio Cavalcanti de Albuquerque, “o da Guerra”, 3º filho da sua irmã Isabel, estivera em 1646 em conflito contra a autoridade do reinol Fernandes Vieira, por motivos nativistas. Também o irmão mais moço de Felipe, Jorge, por suas violentas contestações frente às autoridades portuguesas, irá ao fim do século morrer na prisão. Ver continuação na nota abaixo.   
(15) A filha de Jerônimo, Ana, ainda mais foi casada nesta família Falcão - com Felipe Cavalcanti de Albuquerque, filho do capitão Francisco de Barros Falcão d Eça e de Maria Pimentel, neto materno, portanto, dos seus própios pais, Felipe C. de A. e Maria de Lacerda (Bittencourt – opôs cit., pág. 292, 293). Este jovem Felipe Cavalcanti de Albuquerque, casado com Ana Cavalcanti, era irmão de Leão Falcão d Eça (Bittencourt, opus cit., pg, 293) e foi incriminado por tentativa de atacar um juiz enviado para acalmar os nobres rebelados em novembro de 1710 e fazê-los acatar a posse do bispo D. Manoel Álvares da Costa.  Com a repressão da coroa, o jovem Felipe foi para Recife preso, depois solto pelo governador Felix Machado (Cabral de Mello Evaldo, A Fronda dos Mazombos, citada, pg. 398, 399). Com as novas devassas e o levante popular Trucunhaém de que seu irmão era agora o líder (1712), Felipe possivelmente foi detido mais uma vez, sob ferros, nas masmorras da Cinco Pontas e não teria querido depois aceitar o perdão real em solidariedade à família (Maria Cristina, O Magnificat, pg. 128 utilizando, entretanto fontes não indicadas). 
    Evaldo Cabral de Mello em seu artigo de 2002, “O Mito de Veneza”, Jornal de São Paulo (datado de 1 de julho), citando documentos de época chega a afirmar que os Cavalcanti envolvidos na sedição de 1710 foram responsabilizados como “principais cabeças e origem de tudo o que se tem visto em Pernambuco”.
     Em nosso trabalho sobre a Guerra dos Mascates constatamos o envolvimento precursor contra a coroa, não só de Jorge Cavalcanti de Albuquerque, tido por Jaboatão como um dos últimos filhos de Antonio, o filho do florentino (ver nota 14), mas também de Lourenço Cavalcanti Uchoa, o neto do “Antonio da Guerra”, ainda os netos deste, do clã Bezerra Cavalcanti, pela filha Leonarda; os cunhados Cavalcanti de Albuquerque dos Falcão d´Eça, e até mesmo do ramo puramente Albuquerque de Afonso de Albuquerque Maranhão, do morgado Cunhaú, no RGN. (Cabral de Mello, Evaldo- A Fronda dos Mazombos e Torres, Rosa Sampaio – artigo “O ramo Bezerra Cavalcanti e a Guerra contra os Mascates”, onde toda a parentela envolvida é referida).  
     Reafirmamos: já desde os meados dos 1600 vinham os Cavalcanti de Albuquerque se antagonizando com a coroa por motivos nativistas: a partir de Antonio Cavalcanti de Albuquerque, “o da Guerra” holandesa, filho de Isabel, atuando com seu grupo de amigos da “nobreza da terra”; do filho deste, Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, que participou com seu grupo da “Conspiração do Nosso Pai” (1666), também Matias de Albuquerque Maranhão, do engenho Cunhaú (RN). Sobre Matias, Cabral de Mello, A Fronda dos Mazombos pg. 31,32, e sobre Antonio e Lourenço ver nota11, indicação bibliográfica.  
(16) Manuel Cavalcanti de Albuquerque era, portanto, filho do capitão – mor de Itamaracá Jerônimo C. de A., ele próprio fidalgo Cavaleiro da Ordem de Cristo, alcaide-mor de Goiana e senhor do engenho “Tapirema”, em Goiana (Cabral de Mello, opus cit., pg.310).  Descendia este Manuel do florentino- trineto- sendo parente colateral de Francisco de Barros Falcão de Lacerda, pai do depois degredado pela coroa, Leão Falcão d´Eça. Também por sua irmã Ana era cunhado de Felipe C. de A., irmão de Leão, que foi igualmente preso (Bittencourt- opus cit., pg. 293). Sobre o uso do sobrenome Lacerda ao seu nome ver notas 18 e 19.  
   Manoel, como seus parentes Cavalcanti de vários ramos, por volta de 1710 esteve envolvido em episódio contestador interessante no seu engenho Tapirema, poucos dias antes de eclodir o primeiro levante geral da nobreza e populares: 
   Em 19 de outubro de 1710, o bispo D. Manuel Álvares da Costa pernoitaria no “Tapirema”, ocasião de que se aproveitaram os rebeldes já suspeitos para se homiziar na capela do engenho: o ouvidor-mor que ficara ao lado da nobreza, José Inácio de Arouche; seu sobrinho Pedro Marinho Falcão (tio de Leão d´Eça), e ainda o parente Jorge Camelo Valcacer, sargento-mor das ordenanças da Paraíba, todos na capela. A pequena igreja foi então cercada pelo governador Castro e Caldas, que entretanto se viu impedido de agir pelo bispo e também, sugestivamente, por cerca de 200 religiosos de várias ordens religiosas reunidas, franciscanos, carmelitas e beneditinos, muitos deles armados, dando tempo aos conspiradores de fugir (Cabral de Mello, opus cit., pg. 254 e 310, com o relato mais detalhado do episódio). 
     Manuel foi casado com Sebastiana Carvalho (Bittencourt, opus cit., pg. 294) e o seu sogro, o cel. Manuel Carneiro da Cunha, foi o avô materno do nosso José, como constatamos no fim da nota 19. Dono do engenho do Brum (Caxangá), igualmente teria facilitado o levante da nobreza na Guerra contra os Mascates em 1710, conspirando ainda com Lourenço Cavalcanti Uchoa, da família C. de A. (Cabral de Mello, opus cit. pg. 257 com mais detalhes). Sobre a família de Sebastiana Carvalho ver ainda nota 20 e 21.
   Informações familiares colhidas em Cabral de Mello, Evaldo - A Fronda dos Mazombos, com correlações genealógicas por nós acrescentadas, estão reproduzidas em nosso trabalho “Os Bezerra Cavalcanti na Guerra contra os Mascates”, ainda inédito.    
(17) O prestigioso escritor Franklin Távora em seu romance O Lourenço (Ed. Livraria Francisco Alves, SP, 1955, pg. 82) refere-se a um Manuel de Lacerda como tendo sido preso em seu sítio ‘Tanquinho” em Goiana, por ocasião das detenções feitas pelo governador Felix Machado, proximidades de junho de 1712. Se Manuel Cavalcanti de Albuquerque e Lacerda permaneceu, como os outros da nobreza, detido nas masmorras da fortaleza das Cinco Pontas, dela possivelmente só teria saído por ocasião do perdão geral em 1714. Seu nome completo não é, entretanto, referido em nenhuma outra fonte consultada como tendo sido preso. 
    O filho primogênito de Manoel, nosso José, por volta de 1770 ou 80, teria se transferido, por motivos pessoais ou políticos, não sabemos, para Alagoas. 
(18) José Cavalcanti de Albuquerque seria, portanto, filho deste trineto do florentino Manoel Cavalcanti de Albuquerque e Lacerda que escondera rebeldes em 1710 em sua capela, fidalgo Cavaleiro da Ordem de Cristo, alcaide-mor de Goiana, casado com Sebastiana Carvalho, segundo Bittencourt, Adalzira - Genealogia dos Albuquerques e Cavalcantis, Rio de Janeiro, Livros de Portugal S/A, 1965, pg. 294.  A autora afirma que sua listagem genealógica está baseada na “Nobiliarquia Pernambucana” de Borges da Fonseca, corrigida detidamente por Carlos Xavier de Paes Barreto, notável genealogista de recente geração. Esta autora, entretanto, não cita o sobrenome Lacerda para Manuel que encontramos apenas referido em Doria, Francisco Antonio com outros, Cavalcantis: na Itália e no Brasil, 2010, Ed. Eletrônica, pg. 30, baseado possivelmente em fontes indicadas pela família Cavalcanti Lacerda.         
    - Agradecemos penhorados à respeitada psicanalista Alzira Perestrello, filha do jurista Pontes de Miranda (filho de Rosa Coelho Cavalcanti, filha de “Quincas”) descendente, portanto, também do ramo do Castanha Grande que, em um congresso recente no Rio de Janeiro, nos indicou e cedeu muito gentilmente o livro precioso de Adalgisa Bittencourt. 
      Já era tradição familiar registrada em Gusmão, Oziel Cavalcanti de – “Notas sobre os Albuquerque Cavalcanti, 1997”, José é referido como vindo de Goiana, linhagem dos Cavalcanti de Albuquerque. Especialmente constatamos que o próprio nome do filho de José é exatamente o mesmo de seu pai.   O encaixe nos parece muito correto. Ver mais nota abaixo que corrobora o afirmado. 
   Como a documentação de Goiana fora destruída, registros e certidões não haviam sido passíveis de consulta pelo ramo do “Castanha Grande”. Sobre esta destruição, que faz parte da história de Goiana, consultar Jordão Filho, Povoamento de Goiana, pg. 180.  
 (19) Doria, Francisco Antonio, em seu trabalho com outros, Cavalcantis: na Itália e no Brasil, 2010, Ed. Eletrônica, pg. 30, baseado possivelmente em fontes indicadas pela família dos Cavalcanti Lacerda, cita o nosso referido José Cavalcanti de Albuquerque, na linhagem dos Cavalcanti Lacerda como José Cavalcanti de Lacerda (!). Este José descenderia do mesmo Manuel Cavalcanti de Albuquerque e Lacerda, igualmente casado com Sebastiana Carvalho, mas acrescentado que seria também fidalgo da Casa Real, casado com uma D. Caetana de Mello, sem geração. Neste caso indagamos se teria tido o nosso ancestral José um primeiro casamento anteriormente em Goiana? Não podemos confirmar nem desdizer o fato, que não tem nenhum também registro no ramo da Castanha. 
    A lista de Bittencourt não cita José como fidalgo da Casa Real nem consta a este respeito nenhuma informação familiar vinda do ramo da Castanha. Notamos o período já de contestação política de ramos nativistas da família contra a Metrópole e assim a exclusão do nome do herói português Lacerda poderia ter este sentido de ruptura ideológica. 
      Mesmo assim, os prenomes das irmãs e o nome do irmão de José, em Doria e Bittencourt coincidem - Cosma e Maria, solteiras em 1770 exeto Rosa, não citada por Bittencourt. O irmão Manoel Carneiro Cavalcanti de Lacerda (em Doria, também referido como fidalgo da Casa Real), em Bittencourt (opus cit. pg. 294) é referido simplesmente como Manuel Carneiro de Lacerda.   
     Nota-se que o sobrenome Lacerda não consta da lista citada por Bittencourt, listagem especialmente varonil e legítima dos Cavalcanti de Albuquerque. O sobrenome Lacerda não aparece mais referido no ramo do “Castanha Grande”, apesar de se manter contínuo no ramo dos Cavalcanti Lacerda - provenientes do mesmo de Felipe Cavalcanti casado com Maria de Lacerda e de seu filho Manoel Cavalcanti de Albuquerque e Lacerda – e que pelo irmão de José, Manoel Carneiro Cavalcanti de Lacerda continua ainda homenageando o lado de ascendência feminina, cujo pai fora o herói contra os holandeses Antonio Ribeiro de Lacerda.   
     A lista completa de gerações do ramo primogênito, varonil, e legítimo dos Cavalcanti de Albuquerque no Brasil, listagem que pudemos agora recompor se mantém ainda no Recife como o sobrenome Machado da Cunha Cavalcanti e em linhagem paralela Cavalcanti de Albuquerque de Gusmão, quebrada a varonia apenas em uma geração, até hoje proprietária do engenho “Castanha Grande” em Alagoas onde cultiva suas tradições familiares.  A lista completa é fornecida no anexo do artigo. 
   Notamos que Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, capitão –mor de Itamaracá e seu filho Manoel Cavalcanti de Albuquerque são ainda freqüentemente citados em nossa historiografia com o acrescentamento do sobrenome da linha feminina, Lacerda. 
(20) Acreditamos poder também aproveitar, da listagem apresentada por Doria (opus cit., pg. 30), a genealogia materna de José, cuja mãe Sebastiana Carvalho seria filha de Manuel Carneiro da Cunha e de Sebastiana de Carvalho, esta n.p. de Manuel Carneiro de Mariz, juiz ordinário de Olinda em 1654, e de D. Cosma da Cunha, n.m. de Sebastião de Carvalho e de Francisca Monteiro (indicação de http://engenhosdepernambuco.blogspot.com/, sem fontes). 
(21) Observamos ainda que este cel. Manuel Carneiro da Cunha, fidalgo da Casa Real, pai de Sebastiana Carvalho, avô materno de José e citado na nota acima foi o reconstrutor por volta de 1667 do engenho do Brum (Caxangá), herdado do tio de sua mulher, Miguel Bezerra Monteiro (fonte engenhosdepernambuco.blogspot.com/).  Segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello, o cel. Manuel Carneiro da Cunha havia conspirado e atuado para o levante da nobreza na Guerra contra os Mascates, em 1710. Muitos mais detalhes citados ainda por este autor (A Fronda dos Mazombos, opus cit., pg. 257). 
     Observamos curiosamente que este sobrenome Cunha, dos ascendentes maternos de José, coincidirá com o sobrenome de seu amigo e vizinho de engenho em Alagoas, Ambrósio Machado da Cunha (seriam já parentes?), senhor do engenho Unussu. Neste caso, ambas as famílias estariam ainda mais ligadas pelo casamento do filho de José, o jovem Manuel com Ana Rosa da Cunha Freitas, a filha de Ambrósio Machado da Cunha. Mais sobre esta Ana Rosa ver nota 25.
(22) Sobre a característica “sdegnosa” dos Cavalcanti, sua origem e sua luta republicana na Itália, consultar vários artigos da autora na mídia eletrônica, especialmente, “Influências culturais de Guido Cavalcanti” e “Os Sdegnosos Cavalcanti” no blog http://rosasampaiotorres.blogspot.com/  
 Sobre a data de Manoel n. 1797,data obtida no livreto de anotações  familiares de seu filho  mais velho Ambrosio Macahdo da Cunha que fornece muitas informações. Documento hoje na midia eletrõnica.
(23) Gusmão, Oziel Cavalcanti de - opus cit. 
(24) Gusmão, Carlos de – opus cit., pg. 525, corrige Oliveira Lima, Manuel – Memórias: estas minhas Reminicências... (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, 1937, pg. 119, afirmando que o casamento não acontece no engenho Castanha Grande, mas no engenho Ipioca, onde pernoitavam as tropas de Labatut.
     O engenho “Castanha Grande” será adquirido no nome do Major Manuel Cavalcanti de Albuquerque e do próprio Ambrosio Machado em 1838, conforme o “Livro de Comemoração do Centenário do Castanha Grande (1838-1938)”, álbum de fotos com anotações do próprio punho por Carlos de Gusmão, por ele realizado para as comemorações desta data em família, álbum ainda na posse da autora. 
  A atuação do ramo Cavalcanti de Albuquerque ‘Suassuna’ em relação à Independência e ao movimento de 1817 é observado com alguns detalhes em Torres, Rosa Sampaio -“Família Cavalcanti de Albuquerque”, livreto, em revisão, para uso familiar. Também em “Os Cavalcanti em Questão” no mesmo blog.   
(25) Trecho de Oliveira Lima, Manuel – Memórias: estas minhas Reminicências... Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, 1937.
       Entretanto, o nome da jovem noiva citado por Gusmão, Carlos de – opus cit., pg. 525, seria Rosa da Cunha Freitas Cavalcanti, certamente acrescentado o último nome de casada. Mas Gusmão, Oziel, opus cit, pg. 7, citando o nome de casada, acrescenta ainda Ana antes do Rosa da Cunha Freitas Cavalcanti.      
     Porém, no verso do retrado da ainda jovem “vovó Loló”, já por quase dois séculos no arquivo familiar da autora, consta anotado o nome Ana Rosa Cunha Cavalcanti de Albuquerque, seu nome talvez mais completo de casada.  Ver comentário nota 21 e sua foto, no Anexo.      
       Segundo a psicanalista Alzira Perestrello, em infomação pessoal à autora em congresso na ARE no ano 2000, uma Rosa da família Cavalcanti de Albuquerque seria de origem judaizante.
    A família de Ambrósio Machado da Cunha, pai de Ana Rosa, sugerimos, poderia ser originária de cristãos-novos, os Cunha Pereira, pelo fidalgo da Casa Real Pedro da Cunha de Andrade que esteve na Índia em 1590 e que depois passou a Pernambuco, filho de Rui Gonçalves de Andrade casado com Leonor da Cunha Pereira, da ilha da Madeira. Pedro aqui foi casado com Ana de Holanda de Vasconcellos e em segundas núpcias com Cosma Froes, deixando ampla descendência.
    Temos notícia, também, da existência de um Ambrósio Machado, dono do engenho “Ambrósio Machado” em Recife, depois “Cordeiro”, engenho onde existiram poços que abasteciam a cidade antes da ocupação holandesa, mais tarde arrematado por José Camelo Pessoa, do engenho Monteiro. Nas informações de http://engenhosdepernambuco.blogspot.com/ a biografia deste Ambrosio Machado é confundida, não sabemos se propositadamente, com a de Ambrósio Fernandes Brandão, médico judaizante e figura literária conhecida, autor de “Diálogo das Grandezas do Brasil” e acusado de judaísmo em Lisboa. Mais detalhes neste blog. 
       Também, na mesma fonte aparece (coincidência?) o engenho Arandu de Baixo, em Cabo de Santo Agostinho, como propriedade deste Ambrósio Fernandes Brandão, herdado por seu filho Jorge L. Brandão. Este engenho mais tarde, já no século XIX, aparece curiosamente na propriedade da família de Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti do ramo do “Castanha Grande”, herdado por seu filho Alfredo Machado da Cunha Cavalcanti. O assunto merece aprofundamento. 
(26) Gusmão, Oziel Cavalcanti de - opus cit.                       
(27) Gusmão, Carlos de - Boca de Grota, Reminicências, Maceió, Serviços Gráficos Gazeta de Alagoas, 1970, pg. 482. 
(28) Sobre a cidade de S. Luiz do Quitunde, próxima a Maceió, ver texto adiante e fonte nota 35.
(29) Gusmão, Oziel Cavalcanti de - opus cit. 
(30) A menina Clara morreu aos sete anos tragicamente queimada em um taxo do engenho, embora se tratasse de um “vaso morto” (tacho em que o calor é mais fraco), não resistindo às queimaduras. Teria morrido cantando o “Bendito”.  Gusmão, Oziel – opus cit., pg. 9. 
(31) Gusmão, Oziel Cavalcanti de - opus cit.
(32) Diegues Junior, Manoel – O bangüê nas Alagoas, Universidade Federal de Alagoas, 2006, pg. 272.
    Oliveira Lima, Manuel – Memórias: estas minhas Reminicências... (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, 1937, pg. 88), também comentando o episódio, especifica que Ambrósio levou um tiro na testa, uma punhalada nas costas e um tiro na coxa. Outros comentários sobre a trajetória política de Ambrósio são acrescentados por este autor.
    Há indicação em Barata, DFB, pg. 701, da existência de um trabalho do próprio Ambrósio não consultado, “O morticínio de Vitória”, manifesto apresentado ao publico, Recife, 1880, 75 pgs. 
      Também no artigo “Narrativa completa da Hecatombe da Vitória” assinado por Álvaro da Costa Lins, http://www.paroquiadesantoantao.com. br, é relatado com detalhes o episódio extremamente violento da chamada “Hecatombe de Vitória”, em que Ambrósio foi envolvido durante campanha para senador em PE e na qual pelo menos 14 pessoas teriam falecido inclusive seu cunhado. Citamos; 
      “O Dr. Ambrósio subiu na calçada e foi atingido pelo projétil de uma arma deflagrada por um cabo de polícia, de nome Amaro, que estava entrincheirado na torre direita. Esse tiro foi disparado de pontaria na cabeça do Dr. Ambrósio. Este ignorava o que significava a palavra medo, pois nascera para as batalhas cívicas. Não sabia recuar nem mentir ao seu passado pleno de rudes campanhas. Diante daquela cena não podia parar, tinha que prosseguir na pugna até o fim... Assim, deixou o cunhado morrendo e teve de empregar a força física para dominar os amigos e abrir caminho. A despeito do ferimento, banhado em sangue, o branco lutador encaminhou-se para uma das portas de frente da Igreja, que foi por alguém aberta. Sua recepção foi uma saraivada de balas”. 
      Hoffnagel, Marc Jay em seu artigo “O partido liberal de Pernambuco e a Questão Abolicionista 1880/1888” (Revista Cadernos de Estudos Sociais, Recife, 4 n.2, pg.195-206, julho/dezembro de 1988) pretende citar Ambrósio como um exemplo de senhor de engenho anti-abolicionista, mas com sua argumentação facciosa acaba por omitir o fato de Ambrósio quase ter morrido no conflito com os Souza Leão e ainda, depois da própria Abolição e da proclamação da República, ter ocupado o cargo de Governador de Pernambuco por duas vezes, no ano 1890 e entre 1992-1996.
      Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti, teve duas passagens pelo Governo de Pernambuco, segundo informações do portal do governo de Pernambuco: “Em 1890, foi eleito, porém, deixou o cargo no mesmo ano que o assumiu, assim como seu antecessor, Albino Gonçalves. Sua segunda passagem pelo governo pernambucano foi mais longa. Vice-governador assumiu o mandato em 1892 e permaneceu à frente do estado até 1896.” 
     Mello, Cabral de Mello, “O nome e o Sangue” (Cia. das Letras, S.P, 1989, pg. 278) refere-se ainda ao livreto de autoria de Ambrósio “Lembraças e Apontamentos para meus filhos”, com as anotações referentes à sua geração da Castanha. Não consultado.
(33) Temos conhecimento que, deste ramo primogênito proveniente de Ambrosio, na atual geração, descende o juiz Rafael Machado da Cunha Cavalcanti nascido em 1969, filho de Manoel da Cunha Cavalcanti, desembargador, referido em um documento oficial da Câmara Municipal como neto do próprio Ambrósio.    
(34) O intelectual Manuel de Oliveira Lima foi casado com Flora Cavalcanti de Albuquerque, neta de “papai Cavalcanti”, filha de Manuel (Minou) e Henriqueta, outra filha do visconde de Utinga.   
      Seu texto sobre o “Castanha Grande” está colocado na íntegra em Anexo e faz parte de seu livro de reminicências, Memórias: estas minhas Reminiscências..., Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, 1937, transcritas as pgs. 118 - 122. 
(35) Diegues Junior, Manoel – opus cit., pg. 272, com palavras elogiosas se refere à construção de S. Luíz do Quitunde. 
(36) Diegues Junior, Manoel – opus cit., pg. 275. 
(37) Gusmão, Oziel Cavalcanti de - opus cit., transcreve um interessante soneto em que Quincas pede dinheiro, por um portador, a seu sobrinho Manoel Messias de Gusmão Lira, bom sintoma das dificuldades da família já naquele momento:
Meu sobrinho: ano das pragas,
De outubro abrazador no dia nove. 
A ver se a desventura te comove, 
Hoje, à tua presença vai o Chagas. 
Eu bem sei que dinheiro tu não cá...
Nem da fortuna o orvalho em ti não chove, 
                                    Mas sei que o peito teu brando se move 
Ao ver do agonizante as frias bagas. 

Do eterno sofrer das desventuras, 
De calmantes tomei alguns papéis, 
Para aliviar tantas tonturas...

Mas as dores agora são cruéis!
Vê se me acodes já, vê se me curas!
“Envoi pour lê porteur” vinte mil réis !” 
(38) Comprovam o afirmado uma visita recente da autora ao engenho “Castanha Grande” e à cidade vizinha de S. Luiz do Quitunde, ainda fotos que constam do seu arquivo familiar, em anexo.    
      A linda imagem da Divina Pastora, que estava entronizada em altar no "Castanha Grande" durante o seu casamento Antonio Cavalcanti de Albuquerque de Gusmão trouxe com ele para o Rio de Janeiro e faz parte hoje do acervo da autora. Consultar anexo, fotos.   
(39) Diegues Junior, Manoel – opus cit., pg 275. 
(40) Diegues Junior, Manoel – opus cit., pg. 275.
(41) Fontes des parágrafo:
    - Site do Senado Federal que informa  sobre Manuel Messias de Gusmão Lyra:          
     Deputado Provincial  - 1878 a 1881
     Vice-presidente de Província  - 1883
     Deputado Estadual  - a 1890
     Senador  - 1892 a 1893
     Senador  - 1894 a 1896  Trabalhos Publicados    
    - Gusmão, Carlos de - Boca de Grota. Maceió, Serviços Gráficos Gazeta de Alagoas, 1970, capítulos dedicados ao pai.   
    - Informações da Secretaria de Arquivo do Senado, dando notícia da existência de artigos seus na Revista Agrícola Alagoana, Jornal Liberal, Diário da Manhã, Município, e Revista do Norte. 
     - Informações em Buarque de Holanda, Bartolomeo e Sonia Peçanha – Ensaio histórico–genealógico, Casa da Palavra, Rio de Janeiro 2007, verbete.
(42) Diegues Junior, Manoel – opus cit., pg. 275 cruzado com outras informações em  Gusmão, Carlos de - Boca de Grota. Maceió, Serviços Gráficos Gazeta de Alagoas, 1970, capítulos dedicados ao pai. 
(43) Gusmão, Carlos de - Boca de Grota. Maceió, Serviços Gráficos Gazeta de Alagoas, 1970, pg. 203, 204. Com mais detalhes sobre a vida e personalidade de seu irmão Antonio.
(44) A autora citado sua própria memória familiar: 
     Emília, avó da autora, tinha traços indígenas muito semelhantes ao de sua avó, Maria Pastora. Comparar fotos anexas.  Emília era filha de Manuel Cavalcanti de Mello Filho (vovô Ioiô), o primogênito de Maria Pastora, que lembramos era uma das filhas de “papai Cavalcanti”, verdadeira figura de índia. 
     O jovem Mello Filho se havia casado com Elisa Linz de Albuquerque Cavalcanti por volta de 1880, moça de traços muito finos e olhos claros, como observamos ainda em retrato familiar, certamente proveniente da família Linz de origem holandesa anterior à invasão, família aliada na Restauração aos Cavalcanti. Eliza foi a primeira esposa muito cedo falecida de Mello Filho e a quem ele, apaixonado, dedicou muitos poemas. Ela lhe deixara a pequena Emília. Mais parecida com a avó de aspecto de índia do que com a mãe de olhos azuis, mesmo assim filha muito querida. Com o pai a pequena Emília muito cedo aprendeu a recitar e a reconhecer os valores da poesia. 
     Segura e preparada para senhora de engenho, adaptou-se ao Rio de Janeiro, porém sempre manteve seu prazer pela culinária nordestina. Até idosa importava pelos parentes o surubim vindo de Alagoas e mantinha as receitas tradicionais do pudim de aipim com coco, ainda o “bolo de rolo” na “mesmíssima” receita da “Castanha”.  Muito idosa utilizava sua almofada de bilros onde fazia rendas preciosas à moda nordestina, aperfeiçoando um crochê muitíssimo delicado.    
(45) Gusmão, Carlos de – opus cit., cita os telegramas trocados com o irmão durante a revolução de 1930, referente a fatos ligados à política de Alagoas. Em opus cit., pg. 203, refere-se também ao comentário tão elogioso do gen. Góis Monteiro, ministro da guerra de Getúlio Vargas, relativos ao seu irmão, frase citada no texto. Ainda informações sobre Antonio e suas atividades em Haia, “Vultos da Estatística Brasileira”, publicação do IBGE, 1944. 
   Comentamos que Góis Monteiro, aparentado da família C. de A. por sua esposa Constança, em 1903 vindo de Alagoas foi recebido e abrigado por Antonio no Rio de Janeiro. Os Góis Monteiros mantiveram-se sempre fiéis amigos da pequena família de Antonio e Emília nesta cidade, mantendo ambos os casais aqui as tradições de prestimoso acolhimento e da melhor culinária nordestina. Até hoje é apreciada pela família Cavalcanti de Gusmão, no Rio de Janeiro, uma guloseima natalina, a famosa torta que leva ainda o nome de “Góis Monteiro”. 
   Antonio Cavalcanti Albuquerque de Gusmão foi também muito amigo, no Rio de Janeiro, do médico, simpatizante comunista, Dr. Campos da Paz, que o instou a acolher em sua casa comunistas foragidos do movimento de 35. Antonio, entretanto, não acedeu ao pedido do amigo temendo comprometer sua já numerosa família (Informações fornecidas ao filho, pai da autora e desembargador, Alberto Cavalcanti de Gusmão).
  Emilia e Antonio haviam tido quatro filhos bem formados, com descendência: Messias (professor de arquitetura na Universidade Federal de Alagoas), Oziel, (General), Alberto (Desembargador no Rio de Janeiro), Luíz (Brigadeiro) e Beatriz (enfermeira preparada na 2ª guerra).      
(46) Gusmão, Carlos de - opus cit., pág. 530. Em seu livro Carlos descreve as atividades políticas de seus irmãos na “Revolta da Vacina”, e as suas próprias, referentes ao período da Revolução de 1930 em Alagoas, fatos que repercutem no Rio de Janeiro.  
(47) Família Gusmão – (do gótico, godês-bom e mano-homem). Família originária da Vila de Gusman nas Astúrias, um dos cinco solares prestigiosos de Castela. No Brasil, Domingo Felipe de Gusmão, médico português pela Universidade de Coimbra, originário de Tavira, filho de Tereza de Jesus Gusmão, teve 18 filhos em Pernambuco, casado com Maria Tavares de Lyra (1696), filha de Baltazar Afonso de Lyra, patriarca da família Tavares de Lyra.
    O quarto neto deste Domingo Felipe de Gusmão foi Manoel Messias de Gusmão Lyra (Barata, Carlos Eduardo - Dicionário das Famílias Brasileiras, p.1165-1166).
(48) Ramos ainda influentes de juristas, políticos e intelectuais no século XX a que pertenceram como exemplos: o jurista Pontes de Miranda, o revolucionário tenentista de 1924 Alberto Lins de Barros, o escritor e historiador Manoel de Oliveira Lima, o General Góis Monteiro, o sociólogo Sergio Buarque de Holanda, ainda numerosos outros parentes Linz e Lyra, todos registrados numa arvore genealógica muito ampla da família atualmente na posse do herdeiro do engenho Castanha Grande, Alberto Gusmão Couto e sua esposa, historiadora, arvore consultada pela autora em visita à “Castanha”. 
(49) O nome lendário da família - Cavali i Canti – Cavalga e Canta é informação oral de Antonio José Sarmento Cavalcanti de Gusmão, primeiro neto de Antonio Cavalcanti Albuquerque de Gusmão por seu filho Messias, seu primogênito que depois de estudar arquitetura do Rio de Janeiro, Brasil, voltou para Alagoas, na década de 1940. Informação prestada por Antonio José à autora, sua prima em primeiro grau, quando em visita ao engenho Castanha Grande (AL), um dos berços dos Cavalcanti no Brasil. Em suas próprias palavras, provenientes da tradição oral alagoana: “Quanto ao "cavali-i-canti”... a origem da familia seria germânica.... cavaleiros germanos que haviam descido através do norte da Itália e em seu trajeto, cantavam de modo singular”.
  A artista plástica e política atuante Rute Cavalcanti de Gusmão e a autora, historiadora Rosa Maria Cavalcanti de Gusmão Sampaio Torres, ambas descendentes do ramo do “Castanha Grande” radicadas no Rio de Janeiro, mantêm e cultivam ainda a tradicional veia política, artística, e especialmente poética, familiar - com livros de poesia publicados. 

                Descendentes de D. Diniz na família Albuquerque

D. Diniz

Ü

Afonso Sanches + Tereza Martins de Menezes
(6ª senhora do castelo Albuquerque, neta bastarda de D. Sancho da Castela).

Ü

João Afonso de Albuquerque

Ü

Fernando Afonso – Bastardo reconhecido, embaixador português na Inglaterra

Ü

Tereza Albuquerque + Vasco Martins de Cunha

Ü

Isabel de Albuquerque + João Gomes

Ü
Leonor Vaz de Albuquerque (assassinada pelo marido)

      ß                   Ü                     à

Gonçalo de           João de Albuquerque       Afonso de Albuquerque
Albuquerque                      +                    (m.1515 – Grande general)
Leonor Lopez


ß                Ü                 à

Jorge de Albuquerque          Lopo Coelho      Afonso de Albuquerque
(Herói em Málaga)                           +                                
Juana de Bulhão

Ü

 Jerônimo, Brites e Isabel de Albuquerque

Jerônimo de Albuquerque   +     Giovanni Cavalcanti + 
 Muíra (tribo Arcoverde)                   Genevra Manelli
à   ß                à   ß

Catarina de Albuquerque   e  Filippo di Giovanni 
                                   Cavalcanti
à    ß

F.       Antonio Cavalcanti de Albuquerque, tendo o pequeno irmão mais velho Giovanni falecido, sucedeu ao pai florentino na administração da capela de S. João em Olinda, casado com muito loura Isabel de Holanda, filha de Arnão de Holanda. A pedido da mãe teve o título de Fidalgo Cavaleiro. Pai de:

N.           Felipe Cavalcanti de Albuquerque (c.1596-1657, Ipojuca, PE), fidalgo da Casa Real. Combatente contra os holandeses casado com Maria de Lacerda, herdeira de seu pai que havia mesmo morrido nesta luta contra os holandeses. Felipe era o irmão do bravo retirante de Goiana, Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque que não teria deixado que se saiba, descendência no Brasil. Felipe dará, portanto, seqüência a linha varonil dos Cavalcanti de Albuquerque em Pernambuco e é pai de:

B.           Cap. Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque, Fidalgo da Casa Real, cavaleiro da Ordem de Cristo e capitão-mor de Itamaracá, preso por seu próprio tio Jorge Cavalcanti, rebelde inveterado contra autoridades portuguesas na revolta desta capitania já em 1692. Jerônimo por vezes é referido também com seu sobrenome materno, Lacerda.  Casado com Catarina Vasconcelos Valcacer, cujo pai era senhor do engenho dos Reis, na Paraíba. Já sua filha Ana foi cunhada do líder degredado na Guerra dos Mascates, Leão Falcão d´Eça, seu marido também preso, comprometido neste episódio de 1710. Pai também de:

T.            Manoel Cavalcanti Albuquerque, fidalgo da Cavaleiro da Ordem de Cristo, Alcaide-Mor de Goiânia, casado com Sebastiana Carvalho, de família também contestadora contra as autoridades portuguesas. Por vezes referido com o sobrenome Lacerda de sua avó.  Manoel escondeu revoltosos na capela do seu engenho, com auxilio do bispo e religiosos armados em outubro de 1710, e possivelmente teria sido punido pelas autoridades portuguesas.  Pai de:

 Q.          José Cavalcanti de Albuquerque, filho primogênito nascido em Goiânia (c.1750),     transferido por motivos pessoais ou políticos para Alagoas, para o engenho Santa Rosa do Flamenguinho, casado com Luiza Cavalcanti.   (Informações da genealogista Adalzira Bittencourt, baseada em trabalho de Carlos Xavier Paes Barreto, onde não é mais citado, neste descendente, o sobrenome Lacerda, nem o título de fidalgo, nem o nome de sua esposa. (Acrescentadas informações familiares do próprio ramo). Pai de:

P.            Manoel Cavalcanti de Albuquerque (“papai Cavalcanti”), muito jovem e membro do Seminário de Olinda teve sua cabeça à prêmio por sua participação no movimento revolucionário de 1817. Casado com Ana Rosa da Cunha Freitas, em 1822 por ocasião da Independência. Foi dono de 11 engenhos em torno do engenho sede, o "Castanha Grande". Pais de 10 filhos, Ambrósio, Manoel (Manou) Maria Pastora, Luiza, Rosa, Ana Rosa, Constança, Joaquim (Quincas), Clara e a filha Maria Luíza, que segue:                         

H.     Ambrósio Machado da Cunha Cavalcanti, filho primogênito de “papai                                  Cavalcanti”, foi ferido gravemente pela República no episódio político                 denominado “Hecatombe de Vitória” em 1880; sobrevivendo, Ambrósio foi                 membro precursor do partido Republicano Histórico de Pernambuco, e chegou                  a ocupar o Governo do Estado no ano de 1890 e novamente o cargo entre                   1892-1996.  Faleceu em 1897 no seu engenho, o “Gaipió” (PE).                                
               
               Teve Ambrósio descendência varonil continuada, sem o sobrenome  Albuquerque até hoje em Pernambuco: Manoel da Cunha Cavalcanti, desembargador e o juiz Rafael Machado da Cunha Cavalcanti, nascido em 1969, referido em documento oficial da Câmara Municipal de Pernambuco como neto de Ambrósio.

H.           outros filhos de “papai Cavalcanti”, Manoel Cavalcanti de Albuquerque (Manou) e Maria Pastora, com seu marido Manoel Cavalcanti de Melo (vovô Dindinho) e ainda o filho desta Manoel Cavalcanti de Mello Filho (vovô Ioiô), foram também por períodos proprietários do engenho “Castanha Grande”. 
        
H.           Joaquim Machado da Cunha Cavalcanti, outro filho de papai Cavalcanti (o “Quincas”) foi construtor, com o pai, da primeira cidade planejada, S. Luiz do Quitunde, ao lado do engenho “Castanha Grande”.

H.           Maria Luiza Cavalcanti de Albuquerque, também filha de “papai Cavalcanti”, casada com Cel. Tomas José de Gusmão Lyra, foi senhora dos engenhos próximos Santa Maria ou Levada e Santa Helena (AL), herdados do pai. Mãe de:

7º neto    Manoel Messias Cavalcanti de Gusmão (1848 -1905), herdeiro dos engenhos paternos, mais tarde substituídos pelo “Castanha Grande”; político, Presidente da Província e Senador pela jovem República, mas vocação de produtor de açúcar. Casado a 1ª vez com sua prima Rosa da Cunha Cavalcanti, filha de sua tia Maria Pastora e de Manoel Cavalcanti de Mello e a 2ª vez com Emília Cavalcanti, irmã da primeira.

8º neto    Antonio Cavalcanti Albuquerque de Gusmão (1876-1948) – filho do primeiro casamento de Manoel Messias com Rosa da Cunha Cavalcanti, preparado para herdeiro do Engenho “Castanha Grande”, chamado “Sinhô”. Tendo cursado engenharia no Rio de Janeiro, entusiasta republicano e positivista, casou-se com sua prima Emília, filha de Manoel de Mello Filho (“vovô Ioiô”, filho de Maria Pastora) e Elisa Lins. Na contingência de vender sua metade no engenho para os irmãos do segundo casamento de seu pai, radicou-se no começo do século XX no Rio de Janeiro, com ilustrada descendência nesta cidade e ainda em Alagoas.

9º neto Manoel Messias Cavalcanti de Gusmão – filho mais velho de Antonio, nascido
              e criado no Rio de Janeiro. Formado em Arquitetura voltou para Maceió onde     
             foi professor de Arquitetura da Universidade de Alagoas.  Aí casado com Lili
              Sarmento teve prole numerosa, hoje espalhada pelo Brasil, dedicada também ao  
             ensino superior em várias áreas.

8º neto Manoel Cavalcanti Albuquerque de Gusmão – filho pelo segundo casamento de    
            Manoel Messias de Gusmão, com seus irmãos Mário, Maria Luiza, Tomaz e Carlos, também herdeiros do “Castanha Grande”. Foi o administrador durante toda sua vida deste engenho, hoje na posse do seu neto, décimo neto do florentino, filho de sua filha Heloísa casada com Vavá Couto.   Abaixo:

10ºneto Alberto Cavalcanti de Gusmão Couto, atual dono e administrador do “Castanha Grande”, dedicado ainda ao plantio da cana de açúcar, beneficiada pela usina vizinha, introdutor da criação de búfalos nas terras do antigo engenho 

3 comentários:

  1. Sou bisneta de Constança Cavalcanti de Góes Monteiro, filha de Manoel Cavalcanti de Albuquerque, de quem meu avô herdou o nome - Manoel Cesar de Góes Monteiro. ADOREI AS INFORMAÇÔES< POIS MEU PAI TAMBÈM FAZIA PESQUISAS SOBRE A NOSSA ÀRVORE GENEALÒGICA E CHEGOU ATÈ Fillipo Cavalcanti, de Florença.
    O engenho Guindaste ainda existe? Você tem fotos dele?
    Gostaria muito de conhecer e mostrar para os meus filhos.
    Obrigada!
    Bjs,
    Eliza de Góes Monteiro

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  2. sou bisneto de Albertina filha de Ambrosio engenho Gaipio

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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